José Calasans nasceu em Itabaiana (SE) no
dia 27 de agosto de 1863, filho de Francisco Félix Ferreira e de Joana de Góis
Ferreira. Fez os estudos primários em sua cidade natal, transferindo-se
posteriormente para Aracaju, onde estudou no Ateneu Sergipense.
Sentou praça em
dezembro de 1881 na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, então
capital do Império, concluindo aí seus estudos preparatórios e superiores.
Tornou-se alferes-aluno em março de 1886, tornando-se em junho do ano seguinte
um dos sócios fundadores do Clube Militar. Promovido a segundo-tenente em
janeiro de 1889 — ano em que fez o curso de engenharia militar —, chegou a
primeiro-tenente em janeiro de 1890 e a capitão em abril de 1892.
Em maio desse
ano foi eleito presidente de seu estado natal pela Assembleia Legislativa
constituída em Sergipe após a queda de Deodoro da Fonseca e a consequente
deposição do presidente estadual Vicente Ribeiro. Iniciou sua gestão concedendo
aumento de vencimentos ao funcionalismo e revogando todos os regulamentos
anteriores referentes ao ensino. Construiu a sede do Poder Judiciário, o
Tribunal de Relação e um Hospital de Caridade, e prosseguiu sua administração
abrindo novas escolas e inaugurando diversas pontes.
Deu também nova
estrutura ao Corpo de Polícia, solicitando ao presidente Floriano Peixoto
remessa de armas e munições. De setembro de 1893 a março de 1894, Calasans
integrou as forças legalistas que combateram a Revolta da Armada, no Rio de
Janeiro, levante de oposição ao presidente Floriano Peixoto que ocorreu nesse
período sob a chefia do almirante Custódio José de Melo.
Durante o pleito
eleitoral de junho de 1894 no qual se definiria, além de seu sucessor, a nova
Assembleia Legislativa estadual , Calasans apoiou a candidatura ao Senado de
Leandro Maciel, em seguida eleito e reconhecido pela comissão senatorial, o que
descontentou o coronel Manuel Presciliano de Oliveira Valadão, tradicional
líder político local, e amigo íntimo do presidente Floriano Peixoto. Valadão
passou a hostilizar o governo de Calasans, chegando mesmo em setembro de 1894 a
ocupar a Assembleia Legislativa no dia marcado para a primeira reunião dos
deputados eleitos e a substituí-los por correligionários seus. Em represália,
Calasans reuniu em Rosário (SE) os deputados eleitos em nova Assembleia, que
passou a funcionar paralelamente à Assembleia rebelde de Aracaju. Contudo,
acabou por ser deposto ainda em setembro, sendo empossado como presidente
provisório do estado o presidente da Assembleia de Aracaju, João Vieira Leite,
que cumpriria o mandato até a posse de Oliveira Valadão, eleito para o período
seguinte. Em outubro de 1894, o próprio Calasans reconheceu o governo Vieira
Leite, pois transmitiu-lhe o poder simbolicamente. Não obstante, a Assembleia
de Rosário continuou a funcionar à espera de mudanças na vida política nacional
em função da ascensão de Prudente de Morais à presidência da República. Foi dissolvida
apenas durante o governo estadual de Oliveira Valadão.
De volta ao Rio
de Janeiro, Calasans serviu, em 1895, na Direção Geral das Obras Militares, no
já então Distrito Federal. Ainda nesse ano desempenhou função na fortificação
do litoral, atuando também como comandante geral da fronteira do Amazonas. Em
1896 voltou à direção geral das Obras Militares no Distrito Federal, tendo
ocupado o mesmo cargo em Sergipe em 1898.
Retornando
novamente ao Distrito Federal, serviu na Direção Geral de Engenharia de 1899 a
1909, com breve interrupção entre 1904 e 1905. Nesse ínterim foi promovido a
major em abril de 1906. De 1909 a 1915 integrou a Comissão de Construção da
Vila Militar, no Rio de Janeiro, como comandante do 1º Batalhão de Engenharia.
Nesse período combateu o levante dos marinheiros irrompido em novembro de 1910
a bordo de navios da Armada sob a liderança do marinheiro João Cândido em
protesto contra castigos corporais e reivindicando melhorias de vencimentos.
Promovido a tenente-coronel em dezembro de 1911 e a coronel em janeiro de 1915,
passou para a reserva em setembro do ano seguinte no posto de general-de
divisão.
Retornou à
política por ocasião da articulação da Aliança Liberal, cujo programa apoiou.
Com a vitória da Revolução de 1930 foi nomeado governador provisório de Sergipe
por decisão de José Américo de Almeida, líder civil da revolução no Norte e
Nordeste do Brasil, tomando posse em 20 de outubro de 1930. Quando Vargas
assumiu o poder no dia 3 de novembro no Rio de Janeiro, Calasans telegrafou-lhe
no dia seguinte pedindo demissão do cargo de governador provisório. Entretanto,
o pedido foi recusado e, no dia 14 desse mesmo mês, foi confirmado como
interventor federal, cargo que deixaria definitivamente dois dias depois,
passando-o ao tenente Augusto Maynard Gomes. Foi sócio correspondente do Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe. Faleceu em Aracaju no dia 31 de outubro de 1948.
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FONTES: ARQ. GETÚLIO VARGAS; ARQ. PÚBL. EST.
SE; BITTENCOURT, L. Homens 1; CONG. BRAS. ESCRITORES. I;
Encic. Mirador; Grande encic. Delta; GUARANÁ, M. Dic.;
PEIXOTO, A. Getúlio; POPPINO, R. Federal; WYNNE, J. História.
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