quarta-feira, 29 de julho de 2020

CRUZEIRO DE SÃO CRISTÓVÃO - Monumento secular.


Obra do Mestre Sabino, sua estrutura constitui-se de uma cruz assente em um pedestal formado por sucessão de superfícies curvas, todo em calcário. Em uma das pontas da cruz está datado o ano de 1658, ano da sua construção, e na outra ponta 1906, ano em que foi feita a restauração.


Implantado pelos Franciscanos em frente ao conjunto da Ordem, é do século XVIII. A cruz em concreto armado é de 1906, obra do Mestre Sabino. Na extremidade de um braço lê-se 1906 e do outro 1658 .Mais uma curiosidade em São Cristovão dada por despercebida dentro do conjunto arquitetônico de influência espanhola . Cruzeiro, datada do século XVIII, o cruzeiro foi implantado pelos Franciscanos em frente ao conjunto da Ordem Terceira de São Francisco. Obra do Mestre Sabino, sua estrutura constitui-se de uma cruz assente em um pedestal formado por sucessão de superfícies curvas, todo em calcário. Em uma das pontas da cruz está datado o ano de 1658, ano da sua construção, e na outra ponta 1906, ano em que foi feita a restauração.


O aparecimento do Cruzeiro remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Procurou-se cristianizar todos os sítios e monumentos pagãos. A cruz era o símbolo usado para levar a cabo o processo de cristianização. Com o imperador Constantino a cruz tornou-se no elemento simbólico dos cristãos. A cruz “é sempre o símbolo do triunfo eterno sobre a morte. Locais protegidos eram aqueles onde ela figurasse. Para muitos a cruz é, de uma forma singela, enigma do cosmos, da vida e da morte, é o centro geométrico sobre o qual rodopia o compasso que traz as cosmografias, as sínteses elementares do tempo cósmico. A cruz é o símbolo mais universal presente em todas as culturas. “Já no tempo já no tempo dos egypcios, carthagineses, assyrios, persas, hebreus e gregos, a cruz era aplicada aos supplicios de malfeitores.

“A cruz tanto pode ser a esquemática representação de um ser com os braços abertos, em oração face à imensidade do universo, como emblema do raio solar ou o centro da orientação da rosa-dos-vento. (Foto: Adailton Andrade)


Os Cruzeiros têm sempre uma relação directa com os mortos.Nas encruzilhadas das incertezas, por onde um parte e por onde outro vem, está o cruzeiro de pedra, como testemunho das mais íntimas ânsias”No local onde se cometeu um pecado, onde se adorou um ídolo pagão, onde aconteceu uma tragédia, uma violação, um assalto, edifica-se um cruzeiro. Marcam, pois, locais de acontecimentos individuais ou públicos, quer históricos, quer religiosos. Muitos dos aspectos da vida interior dos cruzeiros aparecem plasmados nas suas inscrições.
Os Cruzeiros que se encontram nos adros das igrejas tinham e têm como fim santificar esses espaços. Para esta santificação são determinantes as procissões que percorrem o perímetro da igreja e dão a volta ao redor do Cruzeiro.

10 Anos da chancela como Patrimônio Mundial da Humanidade.

Praça  São Francisco  – São Cristóvão SE

10 Anos da chancela como Patrimônio Mundial da Humanidade.

 

Guardiã da História   Hispânica   em Sergipe.


A Praça São Francisco é o testemunho da permanência da Ordem Religiosa Franciscana em Sergipe. Localizada na parte alta da cidade quatrocentenária de São Cristóvão, primeira capital do estado, a praça com seu espaço e construções religiosas é, na atualidade, um documento vivo do modelo de construção ibérico em terras da América Portuguesa.



Como modelo baseado no código filipino de urbanização, a Praça São Francisco possui o espaço quadrado, com suas relações de comprimento e largura ajustadas ao preconizado na Lei IX das Ordenações. Bem como as quatro vias secundárias e principais desaguando nos quatro vértices, onde em tudo relembra o que se recomendava para a Praça Maior de uma cidade. Diferentemente dos outros modelos franciscanos edificados no nordeste do Brasil que têm à frente uma rua ou espaço menor, o Conjunto Arquitetônico da Praça São Francisco possui, à sua frente, espaço amplo cercado por outros edifícios coloniais.


Além desse argumento, a Praça São Francisco desde que foi construída serviu de cenário para manifestações do poder administrativo, religioso e político inerente aos espaços construídos na parte alta da cidade, e, principalmente das manifestações da cultura popular: carnaval, festejos juninos e manifestações do folclore. A praça é igualmente circundada por obras do barroco nordestino.

Mesclada ao estilo inconfundível do barroco litorâneo no período do Brasil colônia, a construção dos edifícios em volta do quadrilátero em questão é o registro do modo de ser e viver dos citadinos no período colonial e imperial.

Em 2008, ano que se realizou o primeiro parecer, a UNESCO sugeriu à cidade de São Cristóvão algumas atitudes no que diz respeito a uma maior participação da comunidade local a favor da campanha, visto que, a mesma seria a principal zeladora desse patrimônio. Foram feitas campanhas de envolvimento e ações de infraestrutura, divulgação, educação (ambiental e patrimonial), dentre outras. E, conseqüentemente, a população foi convocada para que se engajasse à campanha pró- candidatura. A partir da segunda fase do pleito junto à UNESCO, a Espanha tornou-se um país parceiro em apoiar a reivindicação sãocristovense, embasado na construção da singular da praça, que é resultado das ordenações filipinas em terras portuguesas e, portanto, um exemplo material único do momento histórico em que Portugal e Espanha estiveram unidos em sob uma mesma coroa.

Chegando ao século XXI como local de identidade e de memória, sendo tombada pela Unesco no dia 1º de agosto de 2010 como Patrimônio Cultural da Humanidade, este ano, estamos comemorando 10 anos de chancela como guardiões da preservação desde testemunho hispânico em solo sergipano. A Praça São Francisco, ao se tornar patrimônio em nível global, tanto pelo seu valor histórico, como sociocultural, configura-se como lugar de memória coletiva para os moradores, bem como local com potencialidades para o desenvolvimento do turismo, a exemplo de outros sítios históricos espalhados pelos cinco continentes. É neste sentido, que nos orgulha de ver o povo sancristovense ocupar o espaço para suas manifestações culturais, se sentir coparticipante deste reconhecimento, Patrimônio Mundial, orgulho do povo sergipano, honras para o povo sancristovense. Parabéns São Cristóvão cidade que se orgulha de sua gente esse sim, seu maior patrimônio.
Lembrando, que a responsabilidade de conservação, é atribuída as três esperas do poder, união, estado e município, sabemos que existe um Comitê Gestor tendo representação das três esperas do poder e da representação da participação popular. 10 anos, comemorar com, uma reflexão do que podemos fazer muito mais. Avante!!!

Adailton Andrade – Assessor Técnico/Historiador
Kramer Rodrigues – diretor de Promoção Turística

sábado, 25 de julho de 2020

GABINETE DE LEITURA DE MARUIM.


 143 anos de história e resistência


Os Gabinetes de Leitura criados no Brasil pelos portugueses, o do Rio de Janeiro foi o primeiro, mais tarde virão os do Recife (1850) e o da Bahia (1863). Sabe-se ainda da existência de outros Gabinetes fundados normalmente por estrangeiros que residiam no Brasil neste momento. Em Sergipe existiram, o Gabinete Literário Laranjeirense, o Gabinete de Leitura de Riachuelo, Gabinete de Leitura de Tobias Barreto, e o Gabinete de leitura de Maruim que esse ano esta completando 136 nos de existência  como guardiã  na história e memória  do povo sergipano. 


O Gabinete de Leitura de Maruim teve como mentor o cônsul Otto Schramm. As cartas de sua tia Adolphine revelam que em 1860, já possuía em sua residência um rico acervo, que possivelmente, todo ou parcialmente, fora transferido para a biblioteca do Gabinete. Estamos tratando de um espaço de sociabilidade, com um vasto capital cultural, não só para Maruim, mas de referência em Sergipe; tanto enquanto Província do Império, como em Estado da Federação, haja vista a importância deste espaço em ocasião dos acalorados debates liberais republicanos.
Ultimamente o historiador Denio Azevedo tem pesquisado a fundo a história do Gabinete de leitura, e nesse aniversario dos 136 anos será um dos conferencistas das comemorações, segundo o pesquisador, o alemão  Otto Schramm é o grande responsável pela criação do Gabinete de Leitura de Maruim em 1877, uma instituição privada, veiculadora dos ideais liberais, abolicionistas e republicanos.


De acordo com o catalogo  do Gabinete, no acervo da instituição em Maruim no final do século XIX, constava obras de Voltaire (1860), Rousseau (1857), Júlio Verne (1878), Michelet (1863), Balzac (1863), M. A. Thiers (1862) com a sua “História da Revolução Francesa”, Antônio Feliciano de Castilho (1863) em “Camões: estudo histórico e poético”, Frédéric Soulie (1852) com “Le Veau d’or”, I. F. da Silva e L. A. Rebello da Silva (1853) em “Poesias de Manuel Maria de Barbosa du Bocage”, Sebastião da Rocha Pitta (1880) “História da América Portugueza”, Visconde de Taunay (1896) com “Innocencia”. Obras normalmente editadas em Paris, Bruxelas e Lisboa.
Em 1889 os sócios do Gabinete de Leitura de Maruim inauguram a “Revista Literária”, que circulou durante dois anos. Lembrando que esta instituição tinha a sua própria tipografia.
 O Gabinete era um dos locais onde a nova tendência política seria apresentada, portanto, um grupo que fazia “oposição” ao principal representante político e econômico do município, o Barão de Maruim, decide fundar o Gabinete e difundir os ideais liberais, buscando o reconhecimento por parte da população de um capital simbólico necessário para moldar a sociedade em questão.
 Os liberais republicanos queriam criar uma identidade e a maneira escolhida para tal foi a de criticar a organização política, econômica e cultural do Império A crença de que era possível construir uma imagem de progresso, levar Sergipe rumo à civilização, com os ideais liberais e republicanos que marcavam a realidade nacional neste momento da criação do Gabinete de Leitura de Maruim e participar ativamente no processo de construção desta identidade são os principais fatores que incentivaram a participação desses agentes em instituições culturais como o Gabinete de Leitura de Maruim.

A base de sustentação dos seus discursos foi os ideais liberais e republicanas, se tornando como instituições de utilidade pública, o que demonstrava a sua relação direta com o estado. Já com relação à necessidade de democratização da cultura, almejavam ampliar a ação instrutiva para os grupos economicamente menos favorecidos da sociedade, fundando escolas, franqueando ao público uma Biblioteca, promovendo conferências literárias e científicas,  colóquios, festejos no período de aniversário das instituições, e  os saraus.
Como advento da República, percebe-se uma mudança significativa nas relações do Gabinete de Leitura de Maruim com os Governantes de Sergipe, que podem ser exemplificados através do reconhecimento de Utilidade Pública através do Deputado Federal, natural de Maruim, Deodato Maia, o Gabinete de Maruim é reconhecido de Utilidade Pública Federal em 1º de outubro de 1919, através do decreto federal nº 3776 ou de concessão de subvenções. A esfera pública que inicia como particular e literária, sobrevivendo apenas das doações dos seus sócios, passa a ter um auxílio expressivo do Estado.
Na sua inauguração o Gabinete funcionava em uma casa alugada à rua do Cabula, atualmente rua Fausto Cardoso e em 17 de janeiro de 1926, com o auxílio da Prefeitura Municipal, adquiriu um prédio próprio na Praça da Matriz O Gabinete de Leitura de Maruim surge enquanto lugar da sociabilidade, uma esfera pública aonde, atrelada a outras instituições liberais e republicanas, no Brasil.
Ressaltamos que na tribuna do Gabinete passaram grandes conferencistas como, Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, Felisbelo Freire, Homero de Oliveira e tantos  outros , temos nos dias atuais  como conferencista, a Prof.ª Verônica Nunes, Aglaé Fontes de Alencar,  Prof. Dênio  Azevedo e o historiador  Adailton Andrade.
Nas comemorações de aniversário do gabinete de Leitura mantiveram  as tradições das grandes conferencias, de trazer para a sociedade temos importantes que vem contribuir para a preservação e memória da cultura local, isso aconteceu a sete anos atrás em 2013 dessa data para os dias  atuais  essas coisas não mais  aconteceram,  Dênio Azevedo, Professora Verônica Nunes e o professor  historiador  Adailton Andrade.
 São os novos os desafios  voltados  para  a salvaguarda  do que ainda resta, preservador  o que foi no passado o campo  da ideias , do saber, chamado até  de tempo das luzes. Maruim tem história  que nos últimos  anos foi relegado a pão  e circo, a história e a memória do Gabinete de leitura de Maruim nos seus 143 anos de tradição no ano que  Sergipe  completa  200 anos  nada se fez  para  lembrar  e encher  esse povo de  orgulho  em ter  na  sua cidade  um lugar  de memória,  com tudo isso,  tempos  sim    algo  de concreto  do sentido de preservação, salvaguarda  hoje   o único trabalho  que nos  traz  o conhecimento sobre  o Gabinete  e  a história   de Maruim, são as pesquisas deixadas  por  Joel  Aguiar , trabalho  sério  com fontes   que remonta  tempos  de glórias   onde  a cultura  o saber  era levando  muito a sério. Viva Maruim, viva o Gabinete de  Leitura. Recordamos  o Desembargador Joel Aguiar  o único  guardião  da história e da memória do  povo de Maruim.       
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Adailton Andrade é historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras e faz parte da Academia Sancristovense de Letras e Artes.