quarta-feira, 10 de agosto de 2011

OS 99 ANOS DA CASA DE SERGIPE - IHGSE

No princípio eram 22. Reuniram-se numa sala do Tribunal de Relação, em 06.08.1912, e criaram o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.


Texto: Ibarê Dantas (Historiador)





No princípio eram 22. Reuniram-se numa sala do Tribunal de Relação, em 06.08.1912, e criaram o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Era o resultado do sonho do inquieto jovem sociólogo Florentino Menezes, que convidou magistrados, advogados, médicos, empresários e outros profissionais da elite sergipana para fundar uma instituição cultural.


Presidente Samuel e o vice. Ibarê Dantas

Sergipe já tardava em fundar sua casa. Depois de criado o Instituto Brasileiro na Corte, Pernambuco teve a iniciativa em 1862 no Nordeste, depois seguiram-se Alagoas (1869) e Ceará (1887). Na fase republicana, em 1895 surgiu o da Bahia, o do Rio Grande do Norte em 1902 e o da Paraíba em 1905, até que foi criado o de Sergipe em (1912), antes do Piauí (1918) e do Maranhão (1925).



A finalidade era formar uma associação civil sem fins lucrativos, no sentido de coletar documentos, preservá-los, cultivar a memória da sociedade sergipana, discutir problemas culturais e produzir saber com a publicação de sua Revista própria.


Desde suas origens, o IHGSE recebeu dos associados, de instituições e de vários amigos da casa livros, revistas, jornais e documentos de natureza diversa. A frequência das doações foi de tal ordem que o IHGSE, no terceiro ano de funcionamento, deixou o prédio do Tribunal de Relação porque o espaço que lhe era reservado manifestou-se exíguo.


Com a inauguração de sua imponente sede (1939), a “Casa de Sergipe” aumentou sua importância, o acervo cresceu de forma que nos anos cinquenta sofreu a ampliação do salão da biblioteca para abrigar livros e periódicos de origens diversas. Em meio à variedade do material de procedência externa, formou-se a sessão sergipana composta de livros, revistas, jornais, documentos manuscritos, fotografias, moedas, quadros, móveis de valor histórico, compondo biblioteca, arquivo, hemeroteca, pinacoteca e museu, formando uma memória que honra as tradições do seu povo e a construção de sua identidade.


Ao longo de sua existência, os dirigentes do IHGSE empenharam-se em realizar os objetivos da instituição com maior ou menor determinação, assim como encontraram variadas manifestações de apoio e de esquecimento, levando a Casa de Sergipe a viver momentos de animação e de dificuldades.





A partir de 2004, desencadeou-se no IHGSE um movimento de revitalização que contou com apoio de intelectuais, profissionais de origens diversas, governantes e parlamentares de diferentes tendências políticas, resgatando a importância da instituição dentro da vida cultural sergipana.Lembrarmos os 99 anos significa que temos a esperança de participarmos, no próximo ano, da celebração do seu centenário com a dignidade que as circunstâncias requerem. O atual presidente Samuel Albuquerque vem liderando os trabalhos de planejamento da programação, confiante na colaboração da sociedade e dos poderes públicos com a ambição de superar as comemorações do seu cinquentenário em 1962, quando a Casa de Sergipe viveu uma semana de atividades com a presença de populares, intelectuais, autoridades e representantes de outros Estados participando de eventos marcantes da cultura sergipana.

Completar cem anos vai ser uma oportunidade para fazermos um balanço de sua existência. Como conseguiu sobreviver dispondo de tão poucos recursos e de que forma construiu um acervo cultural dos mais significativos do Estado? Qual o significado de sua contribuição no contexto cultural sergipano? Qual o seu papel na sociedade do século XXI? Para tanto, não pode ser esquecida sua Revista, a mais longeva do Estado, cujo primeiro número saiu em 1913, divulgando contribuições humanistas representativas do pensamento dos intelectuais patrícios.


Que, na ocasião do seu centenário, o legado do IHGSE seja melhor conhecido para que saibamos valorizá-lo.



domingo, 7 de agosto de 2011

História de Nossa Senhora do Socorro - Sergipe

JÁ FOI TOMAR DA COTINGUIBA !!!! HOJE NOSSA SENHORA DO SOCORRO


Adailton Andrade


O município tem uma das igrejas mais antigas e já foi o mais populoso e de maior produção de sal de Sergipe




Quando os portugueses aqui chegaram para explorar Sergipe, já por volta de 1575, encontraram na região que hoje forma a sede do município de Nossa Senhora do Socorro, índios da tribo Tupinambá. A força do cacique Serigy era sentida pelo devastador europeu, que com a violência das armas e da fé conseguiu se estabelecer. Por ordem do arcebispo da Bahia, Dom Sebastião Monteiro da Vide, em 25 de setembro de 1718, uma pequena aldeia, que tinha a capelinha dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, é transformada em freguesia com o nome de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba.

Segundo historiadores, as notícias mais antigas daquela freguesia são de 1757. O vigário da capela, padre José de Souza, escreve ao arcebispo da Bahia relatando a área territorial da povoação e sobre a presença de aldeias indígenas. Naquele ano, segundo o vigário, a povoação já tinha cerca de 4.200 pessoas. Encantado, o padre e historiador Marco Antônio de Souza também escreveu sobre o progresso constante da Freguesia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba, no ano de 1802. Os manuscritos do padre estão no Museu Britânico. Ele também fazia referência a Santo Amaro das Brotas, que já era vila, mas ressaltava que Socorro era muito populoso.




Marco Antônio escreveu que a freguesia chegou a ter 7 mil pessoas e que, além de fazer grande importação de produtos manufaturados da Bahia, trabalhavam nos engenhos e na produção de açúcar. Os manuscritos desse padre foram encontrados no Museu de Londres.

LARANJEIRAS E ARACAJU

Mas os socorrenses que lutavam para transformar a freguesia numa vila independente de Santo Amaro sofreram um grande golpe. Em 1832 é criada a Vila de Laranjeiras e a Freguesia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba acabou sendo anexada àquela nova vila. Vários moradores de Socorro fizeram protesto, atos e até representações junto ao Conselho da Província. Mas de nada adiantou. A Câmara de Laranjeiras, por sua vez, também reagia às pretensões dos socorrenses. Entre as alegações, diziam os laranjeirenses que Socorro estava apenas a uma légua da nova vila, que toda semana os socorrenses iam às feiras em Laranjeiras e entre as ponderações afirmavam que na freguesia não existia “20 cidadãos que satisfizessem os requisitos da lei, para servirem nos cargos de governança”.



Mas os moradores da paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba não desistiram. Em 19 de fevereiro de 1835 a freguesia é transformada em vila independente, mas a festança dos socorrenses pela liberdade e crescente progresso demorou um pouco. Um novo golpe reduziu a vila a um modesto povoado sem qualquer expressão. Isso aconteceu a partir de 17 de março de 1855, quando a Lei 413 criou o município e a cidade de Aracaju, para onde se transferia a capital da Província e incorporava às suas terras todo o território de Socorro. Isso mesmo. O município de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro do Tomar da Cotinguiba deixou de existir oficialmente.



MUDANÇA DE NOME

Resistentes como sempre, os moradores de Socorro reiniciaram sua luta para devolver o status àquelas terras. Nove anos depois, em 7 de julho de 1864, é criado o distrito. Dessa vez com o nome de Nossa Senhora do Socorro da Cotinguiba, ainda pertencente a Aracaju, mas isso levou os socorrenses a recuperarem seu antigo prestígio. Era um passo importante em busca do retorno ao município. Quatro anos mais tarde os habitantes daquelas terras conquistaram de uma vez por todas o título esperado.



Em 14 de março de 1868 o distrito é transformado em município independente. O curioso é que a Lei Provincial 792 diz que ele passa a se chamar apenas Socorro. Mas a legislação federal atingiu Socorro e o Governo do Estado teve que mudar seu nome em 1943, que passa a ser apenas Cotinguiba.

Mas esse novo nome do município não chegou às ruas. Era apenas usado em documentos oficiais. Para o povo, o nome era Socorro. O Cotinguiba ainda sobreviveu por quase dez anos. Em 6 de fevereiro de 1954, o Governo faz retornar o seu primeiro nome, retirando porém “Tomar da Cotinguiba”, porque o nome ficava muito grande. Assim, o município passou a ser definitivamente chamado de Nossa Senhora do Socorro. “Existia um cruzeiro que ficava na Rua São Benedito; foi mudado para a frente da matriz, depois desapareceu... No meio da praça tinha uma pedra enorme, depois desapareceu... Tinha a chegança aqui e também na Taiçoca... A transformação da cidade começou quando seu Manuel Prado Vasconcelos colocou luz elétrica em postes de madeira, com calçamento nas ruas... A linha de trem chegou em 1920”, Memória de Velho, de Ecléa Bosi.



Vale ainda registrar na história de Socorro a existência da Cidade de Menores Getúlio Vargas, onde funcionava um pequeno hospital com 34 leitos, para tratamento exclusivo de menores abandonados e ‘delinqüentes’; a Colônia Lourenço Magalhães (Serviço Nacional de Lepra) um hospital para os antigos leprosos; Horto Florestal de Ibura, que realizava farta distribuição de mudas de grandes e variadas espécies de árvores. Em janeiro de 1955 o prefeito do município era Fausto Góes Leite.

A bela igreja matriz

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é uma das mais antigas de Sergipe. Ela não tem nenhuma documentação sobre sua construção, mas na soleira da sacristia, à direita, há uma inscrição com a data de 1714. A

igreja foi tombada como monumento histórico nacional pela Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 20 de março de 1943. A imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é uma escultura em madeira policromada, do século XVIII. O interessante é que essa imagem original ficou pequena no altar e por isso os jesuítas providenciaram uma imagem maior. Hoje as duas estão na igreja. Uma curiosidade que ainda hoje leva muita gente para a igreja é a existência de um túnel que os jesuítas fizeram dentro da igreja para fugir das perseguições dos holandeses. O túnel começava na igreja de Socorro e levava os jesuítas até Laranjeiras. Há pouco meses a porta do túnel foi fechada.

Do forro original resta o do altar-mor, cuja pintura tem a temática dos quatro continentes (na realidade são cinco continentes): apresenta a imagem de Nossa Senhora do Socorro, ao centro, ladeada pelas figuras de uma mulher branca simbolizando a Europa; um homem negro, representando o continente africano; um oriental representando a Ásia e um índio representando a América. Outro detalhe interessante é que à esquerda de quem entra pela nave central da igreja, há uma área com três túmulos. Um da família Daltro Nabuco, que é de 1877; um do poeta e jurista José Freire da Costa Pinto. E o outro e mais recente é do frei Inocêncio Schleirmacher, um dos vigários mais importantes na história de Socorro. Há também no piso da nave a lápide do túmulo do cônego Eliziário Vieira Muniz Telles, Conselheiro da Ordem de Cristo e vigário da freguesia de Socorro em 1904.

Os moradores mais velhos dizem que os jesuítas encontraram a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro numa ilha existente lá e depois levaram a imagem para a capela. Uma outra igreja muito antiga no município é a de Nossa Senhora do Amparo, que tem sua festa em 15 de agosto. A festa da padroeira é realizada em 2 de fevereiro.

Do sal ao distrito industrial

O município de Socorro, em termos mineral, é um dos mais ricos de Sergipe. Existe muito próximo à sede uma usina de salgema. Mas é o sal marinho que tem uma fantástica história. O município já chegou a ter mais de 380 salinas, sendo o maior produtor do Estado. Não é à toa que o nome do rio que separa Aracaju de Socorro é conhecido como Rio do Sal. O rio e as linhas de trem eram muito usados pelos produtores de sal. Hoje, apenas quatro salinas ainda resistem.

A partir da década de 80, o município começou a passar por transformações urbanísticas. A sede da cidade não sofreu grandes alterações, entretanto seus povoados foram alvos de empreendimentos imobiliários que provocaram uma considerável mutação em áreas antes ocupadas por mangues e pouco povoadas.

Essas mutações foram conseqüências da administração pública estadual ao criar, em 1979, o projeto Grande Aracaju. Quando o Distrito Industrial de Aracaju ficou esgotado, o Governo do Estado implantou o Distrito Industrial de Socorro. Algumas indústrias foram para lá e também vários conjuntos habitacionais foram construídos, como o conjunto das Domésticas, Jardim, João Alves Filho, Fernando Collor, Marcos Freire, Taiçoca e Albano Franco. O inchaço populacional trouxe mais problemas do que benefícios em Socorro.

Alguns filhos ilustres

• Marechal Antônio Enéas Gustavo Galvão - É o Barão do Rio Apa. Nasceu em 19 de outubro de 1832. Militar que lutou na Guerra do Paraguai.

• Manoel dos Passos de Oliveira Teles - Bacharel, nasceu a 29 de agosto de 1859. Versado nas línguas grega, latina, inglesa e francesa. Escreveu, entre outras, as seguintes obras: “Chystofaneida”, “Ensaios sobre a Música Popular em Sergipe”, “A Geografia Cretácea e Terciária do Brasil”, “De Itapoã a São Francisco”.

• José Augusto Barreto - Médico, nascido a 16 de junho de 1928. Tem importantes trabalhos publicados que são considerados de grande valor científico, como “Infantilismo Esplênico” e “Uma Família de Esplenomegálicos”.


Nossa Senhora do Socorro é um município brasileiro do estado de Sergipe, localizado na Região Metropolitana de Aracaju. Em razão de sua proximidade com a capital sergipana, o município tornou-se verdadeira cidade-dormitório, possuindo diversos conjuntos habitacionais; entre os maiores: Marcos Freire I, II e III, João Alves, Fernando Collor, Conjunto Jardim, Parque dos Faróis e Taiçoca, segundo a revista VEJA e o Jornal Nacional é uma das cidades que mais crescem no Nordeste Brasileiro e no Brasil.


REVISANDO O ASSUNTO:
Nossa Senhora do Socorro fica no município do estado de Sergipe, vizinho à cidade de Aracaju, estando a uma altitude de 36 metros. Sua população é de, aproximadamente, 180 mil habitantes. A economia da cidade é concentrada na pecuária bovina, suína, eqüina e de frangos; na piscicultura (carimãs, pescados, xeréus, bagres, robalos, traíras, arraias, carapebas e milongos), com destaque para os viveiros de camarão; na agricultura (banana, côco, manga, batata doce, cana, mandioca e feijão). A cidade, de dez anos para cá, também atraiu muitas indústrias devido aos incentivos fiscais. Hoje, tem instalada indústrias alimentícias, malharias, artefatos de cimento, renovadoras de pneus, fábricas de velas, de leite de coco, gesso, entre outros. Há alguns eventos importantes, principalmente na época das festas juninas, que, muitas vezes, atraem turistas à cidade. O mais famoso evento é chamado Forró do Siri. O primeiro Forró do Siri ocorreu em 1993, no começo era uma festa tímida. A festa foi tomando dimensão, e foi se consagrando e hoje é considerado o maior São Pedro do Estado de Sergipe. O evento ocorre todo ano no final de junho, reunindo cerca de 100 mil pessoas por noite.



Outras atrações turísticas da cidade é: a Sede da Igreja de Nossa Senhora do Amparo, que data de 1714, com estilo barroco; o evento de Nossa Senhora do Socorro; Prainha do Porto Grande; os Grupo de Capoeira e o Samba de Coco.



Em beleza natural, a vegetação na parte litorânea tem predominância de coqueiros, vegetação rasteira e matas de restinga; com destaque para os manguezais às margens dos rios do Sal, Cotinguiba e Sergipe). O município é banhado pelos rios do Sal, Cotinguiba e Sergipe.

Nossa senhora do Socorro hoje :

  •  Região - Grande Aracaju

  •  Distância de Aracaju - 15 km

  • População: de Nossa Senhora do Socorro 158.470

  • Atividade econômica - Indústria

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Texto: Cristian Góes
Fotos e reproduções: Diógenes Di e Edson Araújo
Fonte: ‘Nossa Senhora do Socorro: Trajetória’, por Verônica Nunes, Ana Rodrigues Santos e Wilembergue Rodrigues Oliveira; e Enciclopédia dos Municípios Brasileiros