ROSÁRIO DO
CATETE, 184 ANOS NA PRESERVAÇÃO DE SUA HISTÓRIA
ROSÁRIO DO CATETE OITOCENTISTA.
Terra Massapé, apogeu
açucareiro do Sergipe
Adailton Andrade: MS./historiador
Rosário do Catete tem a
oferecer a Sergipe, ao Brasil e para o mundo,
a história e a memória do
apogeu da cultura da
cana de açúcar em Sergipe
oitocentista, já são mais de 50 engenhos inventariados catalogados que logo está a disposição da pesquisa
e em alguns casos da visitação;
monumentos históricos como os dois sobrados da antiga rua de baixo, as Estação
Férrea, marco histórico da Revolta de Santo Amaro, na qual diante disso, veio a
emancipação política do município em 1836.
Rotas dos engenhos, em especial
a Serra Negra do Patriarca Leandro Ribeiro de Araújo Maciel, da Santa Barbara
onde nasceu o Barão de Maruim, do Unha de Gato onde foi assinada a mudança da
Capital de São Cristóvão para Aracaju.
Acesso a Estrada Real onde controlava a entrada e saída
de mercadorias no embarque e
desembarque dos Porto das Redes (antiga Alfândega de Sergipe) ligação entre
Maruim e Rosário do Catete. Para a
proteção desse patrimônio, será
preciso a criação de uma Lei específica de bens
tombados no âmbito municipal. Outra
ação prevista no pacote é a implantação da “Rota dos engenhos Coloniais” com
visitação agendada e acompanhada.
Rosário do Catete, berço da
História Política de Sergipe, logo ao cruzar a entrada que dar
acesso ao município de Rosário do Catete , rodovia que corta a
BR-101 no sentido de Aracaju a Propriá, logo se vê na entrada da cidade de
Rosário do Catete uma grande imagem de nossa Senhora do Rosário, além de muitas barracas de vendedores de milho. Mas
só passar não dá para ter uma ideia do que foi esse município no contexto
histórico nacional e, em especial, na história Política de Sergipe.
As terras
ocupadas pela Cidade de Rosário do Catete pertenciam ao antigo engenho Jordão,
de propriedade de Jorge de Almeida Campos, que as doou para construção da
capela de Nossa Senhora do Rosário.
Sabe-se que foi
onde que nasceu João Gomes de Melo, o Barão de Maruim, no engenho Santa Barbara
de baixo, esse mesmo foi responsável pela assinatura da ata de mudança da
capital de São Cristóvão para Aracaju. Fato que aconteceu no Engenho “unha de
Gato” pertencente a uma família de portugueses, posteriormente ao Barão.
A História de
Rosário do Catete tem início em 1575, quando houve a primeira tentativa de
conquista de Sergipe por Luiz de Brito, governador da Bahia. É a referência
mais antiga. Bem próximo ao local em que a atual cidade se encontra, existia
uma aldeia de índios. Que viviam às margens de um rio e sob o comando do índio Siriry.
A
povoação rosarense crescia tanto que, por volta de 1828, a Câmara de Santo
Amaro resolveu transferir para Rosário a sede do município de Maruim. Os
habitantes de Santo Amaro e Maruim declararam guerra entre si. O Governo da
província acabou intervindo e ratificando a decisão da Câmara de Santo Amaro.
De uma canetada só, a povoação de Rosário do Catete passava à freguesia, vila e
sede de município. Mas isso durou pouco. As reações de Maruim foram fortes. Em
3 de fevereiro de 1831, Rosário volta a pertencer a Santo Amaro como povoamento e Freguesia. Cinco anos depois, ela se tornava
Vila de Nossa Senhora do Rosário do Catete. Assim, a cidade nasceu com a
Revolta de Santo Amaro...Continua .!!
Berço dos intelectuais de Sergipe
Antônio Garcia Filho- Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia, em 1941.
Iniciou suas atividades como médico em Aracaju, transferindo-se depois para a
cidade de Laranjeiras/SE. Foi o primeiro Pró-Reitor de Extensão e Assuntos
Comunitários desta Universidade e seu primeiro professor de Anestesiologia na
Faculdade de Medicina. Foi professor de Nutrição da Faculdade Católica de
Ciências Sociais. Foi membro da Academia Sergipana de Letras onde ocupou a
Cadeira No. 1, cujo patrono foi o intelectual Tobias Barreto de Menezes. Além
de poeta foi compositor de músicas. É o autor da letra do Hino do 28º Batalhão
de Caçadores e do Hino da Cidade de Rosário do Catete.
Manuel Cabral
Machado, professor, intelectual, homem público e um dos maiores vultos do
século XX, que marcou com sua presença décadas seguidas com atividades
inovadoras. Filho do médico Odilon Ferreira Machado que também foi prefeito em Rosário em um mandato de dois anos de 1920 a
1922. Publicou diversos livros, destacando-se: Brava gente sergipana e outros bravos (1999), Elegias a Elohim, Poemas à mãe de Deus, Aproximações Críticas
(todos de 2002), Baladas de bem-querer à
Bahia (2003) e O aprendiz de oboé
(2005). Presidiu a Academia Sergipana de Letras, e frequentou, permanentemente,
as suas sessões, como um dos mais atuantes debatedores, também foi membro da Academia Brasileira de Ciências Sociais Criado na Capela, cidade onde seu pai voltou
a fixar-se, foi também , o ex-vice
governador de Sergipe na gestão de Lourival Batista. Morreu com 92 anos, em
2009, no Hospital São Lucas por falência múltiplos de órgãos.
Maximino de Araújo Maciel- nasceu em Rosário no dia 20 de abril de 1866. Fez os
preparatórios em Sergipe e em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro onde
formou-se em Direito (1890-1894) e Medicina (1896-1901). Foi professor
catedrático de língua portuguesa no Colégio Militar, desde 1893. Em 1919,
atingiu o posto de Tenente Coronel. Pertenceu ao Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe e outras instituições científicas e culturais do Rio de
Janeiro e Sergipe, Gramática Analítica, Filologia Portuguesa, Gramática
Descritiva, Taxionomia Social, Lições de Botânica Geral, Noções de Agronomia,
Lições Elementares de Língua Portuguesa, Elementos de Botânica Geral e
Elementos de Zoologia.
Celeiro de Grandes
Políticos
Conhecido
como celeiro político de Sergipe, daí saíram
Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel foi deputado no Império e senador na
República. Mais tarde, seu filho, Leandro Maynard Maciel, seria governador do
Estado. Outras figuras marcantes foram Augusto Maynard Gomes e Edelzio Viera de
Melo que foi vice-governador assumindo mais tarde o governo. Deste modo,
Rosário ofertou a Sergipe quatro nomes a governar o Estado. Leandro Maynard
Maciel em 1960 foi indicado para ser vice-presidente da República na chapa de Jânio
Quadros, mas renunciou em favor de Milton Campos.
Sede de Assembleia Legislativa do Estado e Sede do
Governo
Foi sede da Assembleia legislativa na
eleição para o Senado da República em 1894.
Em meio à contendas, José Calazans transferiu
a sede do governo sergipano de Aracaju para a cidade de Rosário do Catete. Esse
ato foi visto por seus opositores como de abandono do poder. Sílvio Romero, em
praça pública, defendeu então a passagem do governo para o presidente da
Assembleia Legislativa, João Vieira Leite, favorável ao grupo valadonista, que
foi de fato empossado em 11 de setembro de 1894. A situação de duplicidade de
poderes instalada nesse momento levou ao surgimento dos apelidos que iriam
identificar as rivalidades da política sergipana na Primeira República: os
“pebas”, que ficaram nas areias de Aracaju, e os “cabaús”, reunidos na zona dos
engenhos de Rosário Catete. A Assembleia funcionou na rua de baixo e o
governador despachava no Paço
Municipal segundo a descrição de
alguns documentos.
Rosário do Catete e a geração dos bacharéis e médicos de Sergipe
Essa geração revolucionou a Faculdade de
Direito do Recife e na Faculdade de Medicina da Bahia os cânones vigentes,
difundindo novas ideias e assim fixando os fundamentos da cultura Brasileira.
São eles:
Antônio
Dias de Pinna advogado fundador
do curso de direto da USP. Estudou
na Faculdade de Recife concluindo em 1865. Em Sergipe exerceu os cargos de
promotor público da comarca de Laranjeiras, 1866-1869; de inspetor geral das
aulas, de novembro de 1869 a 1870; promotor público de Laranjeiras pela segunda
vez, removido em maio de 1874 para o Aracaju, cujas funções desempenhou até
1875; deputado provincial nas três legislaturas bienais de 1872-1877.
João Maynard Desembargador, nasceu no engenho “Saco” município do Rosário
do Catete em 8 de janeiro de 1878. Bacharel em ciências jurídicas e sociais
pela Faculdade Livre do Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Juiz Municipal do
termo de Itabaianinha, sede da então comarca do Rio Real. Em Aracaju tem uma
avenida com seu nome : Avenida
“Desembargador Maynard”.
Jose Sotero Vieira de Melo Desembargador, filho de Francisco Vieira de Melo e de Maria Rosa de São
José e Melo. Nasceu em Rosário do Catete, em 13 de maio de 1856. Pertenceu a
geração dos bacharéis e médicos de Sergipe, que revolucionaram na Faculdade de
Direito do Recife e na Faculdade de Medicina da Bahia. Em fevereiro de 1869,
com 13 anos, foi levado pelo tio, João Gomes de Melo, o Barão de Maruim, um dos
homens mais influentes da Província, para o Rio de Janeiro, onde estudou nos
colégios São Salvador e Pinheiro, continuando e concluindo os preparatórios,
permanecendo até 1873, quando foi para Recife e ingressou na Faculdade de Direito do Recife.
Patrimônio
material de Rosário do Catete
O
patrimônio material é composto por um conjunto de bens culturais tais como igrejas,
engenhos, sobrados e residências
centenárias que fazem parte
do orgulho maior dos seus
moradores classificados, segundo sua
natureza, conforme está sendo
inventariado na gestão do Prefeito
Etelvino Barreto.
Igreja
de Nossa Senhora de Nazaré foi
construída em 1709 , foi demolida e
construída outra no mês o lugar em 1864 fazendo parte do engenho Catete Novo
pertencente ao Barão de Maruim.
Igreja
Matriz Nossa Senhora do Rosários sua Construção
do século XVIII. Iniciou sua construção
em1746 e a irmandade é criada em 1779. O convento dos franciscanos abrigou a irmandade de São Benedito no século
XVIII. Outro lugar que o santo era venerado era na povoação de Rosário do
Catete, pois na capela da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos homens
pretos e pardos.
Capela da fazenda Caldas onde foi enterrado os restos
mortais do General Augusto
Maynard Gomes. Com venda da
fazenda seus restos mortais foram transferidos
para o cemitério santa Isabel em
Aracaju
Igreja
Nossa Senhora do Amparo foi
construída no século XIX e restaurada em 1946 por Simeão Machado.
Estação
de Trem, inaugurado em 1914
essa mesma está passando pelo processo de tombamento pelo IPHAN chamado de
“valoração” será o 1º Tombamento a nível
Nacional da cidade. Alguns
acontecimentos históricos
marcaram a história da estação férrea, sendo palco de
vários episódios. Em 1924 serviu de embarque de tropas dos tenentes
na revolta de 24 comandada por
Maynard Gomes, amando vagão de Trem
com canhão a combater tropas legalistas
em Carmópolis. Na década de 1933
desembarca o então Presidente do Brasil o sr. Getúlio Vargas para inauguração
da Ponte de Pedra Branca. Serviu como terminação de escoamento de açúcar e mais
tarde como terminal de carga de Potássio
sendo usada pela vale do Rio Doce. Hoje
é sede da banda de Música Luís Ferreira Gomes.
Grupo Escolar Leandro Maciel construção da década de 1930 por Augusto
Maynard Gomes .
Sobrados da rua de baixo Construção segunda metade do século XIX, por
dois portugueses que tinham comércio em
Maruim. Mais tarde passa a pertencer as famílias
de João batista de Moraes
Ribeiro, Manuel Cabral Machado e
o outro a família de Leandro Maciel.
Cemitério Paroquial de Rosário do Catete 19 de
maio de 18856, o Presidente da Província , Dr. Salvador Correia de Sá e
Benevides, dirigiu uma circular nº 7 às Câmaras incitando-se a fazerem
Cemitérios, e a de Rosário foi
a umas das Primeiras
que tratou do Assunto, marcando lugar
para a sua necrópole ao sul da
Vila. Seria construído, como se fosse pela Câmara, e com auxílio dos
particulares, em 1857 já se sepultava os
mortos rosarenses, mas só se deu por
pronto em janeiro de 1862, quando
foram feitas as obras delineadas
pelo engenheiro da Província, por ordem governamental. Foi quando lhe deu por
pronto seu dirigente 1ª de fevereiro de 1861, o capital de engenheiros Francisco Pereira da Silva responsável
pela obra .
Engenho Serra Negra
atualmente só existe uma chaminé no local do engenho. O Serra Negra foi
uma pequena propriedade, mas de altíssima produção, ele tinha uma casa simples
de pedras imponente. Ele foi o engenho
mais importante do século XVIII para o XIX, pertenceu a Leandro Maciel (pai)
tinha a visão mais alta sobre os outros o engenho só entra em declínio quando Leandro
Maciel (pai) tem a necessidade de aumentar a produção e a necessidade de uma
casa maior por causa da família grande e ele o abandona e vai para Japaratuba
para o engenho entre rios com uma maior propriedade e na região litorânea.
Rosário do
Catete teve outros engenhos de grande
relevância para a história
econômica do estado Tais como: Santa Barbara,
Paty, Bom Nome, Oitocentas, Lagoa Grande, Saco, Sitio Novo, Catete velho e Novo, Jurema, Piripiri, Várzea, Jordão ,
Jucurema, Salobro, Cajá, Marrecas, Bom
Sucesso, Capim Assú, Jenipapo, Vazia Grande, Cumbe, Ilha e Campo Redondo.
Hoje existe uma
preocupação e um desejo da administração e dos fazedores de Cultura
da cidade em expressar e despertar
o sentimento de pertencimento e salvaguarda, por parte dos rosarenses,
que amam e admiram esta cidade, em prol da manutenção
das riquezas materiais e imateriais deste povo, novos tempos , tempos de conhecer, amar e proteger nossa memória, nossa história o
legado de sua gente seu maior
patrimônio. Esperamos que a sociedade e as autoridades competentes
caminhem juntos, norteados pelo desejo de uma cidade melhor e mais eficiente na
preservação de suas raízes, rumo ao avanço sociocultural e econômico deste
povo. É pra frente de que anda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário