Memoria da tipografia “Empresa Econômica”
"Homenagem ao senhor Nininho "
Adailton
Andrade
Maruim
localiza-se a 30 km de Aracaju, capital do Estado de Sergipe. Com uma população
de aproximadamente 17 mil habitantes (Censo IBGE 2010), reduto de Cultura e
História.
Segundo a Etimologia, Maruim significa na língua indígena Tupi-guarani, mosca pequena ou mosquito. Pois bem, é nesse pequeno e pacato município que esta guardado o que resta dos maquinários tipográficos do século IXX, o único existente em Sergipe.
A
imprensa surge em meio às transformações estruturais da modernidade. Em todos os lugares onde se desenvolveu a
imprensa, tornou-se um espaço de registro histórico e guardiã da memória. A
cidade de Maruim, região do vale
do cotinguiba guarda na memoria uma parte da impressa
sergipana.
Pesquisando
a história da imprensa sergipana, observamos que os jornais evoluíram em sua
periodicidade de modo a circularem diariamente, exceto as segundas-feiras. Isso,
no entanto, não garantiu que os diários, que antes eram vespertinos tivessem a
hegemonia do público.
Buscamos
entender um pouco essa história nos estudos de Armindo Guaraná que pesquisou os
jornais sergipanos de 1832 a 1908, relacionando alguns jornais já de grande
circulação em Sergipe. Jornais esses de Aracaju, São Cristóvão, Estância e
Laranjeiras, Rosário do Catete e Maruim que representavam a grande maioria.
Nesse
período, início da republica, percebemos que foram poucos, mas de grande
importância para a história e a cultura
sergipana.
Tudo
isso começou em Estância, que foi o berço da imprensa em Sergipe. Alguns
jornais, de circulação periódica, mas, nenhum desses jornais guarda e preserva
seus maquinários tipográficos como o do jornal ‘O Comercio” da cidade de Maruim
que foi fundado pela família Santiago, no século XIX e ainda em atividade nos dias de hoje como casa comercial no ramo
de papelaria e venda do jornal Cinform.
O
senhor Carlos Santiago deu uma grande contribuição à imprensa de Sergipe. A
cidade de Maruim guarda todos os maquinários e tipográfico da época, sendo
assim, a única tipografia do império ainda existente em Sergipe.
Hoje,
quem visita Maruim se depara com o senhor Everaldo José dos Santos conhecido
como seu Nininho, pessoa simpática e hospitaleiro que faz questão de
mostrar o maquinário com mais de 100 anos, ao mesmo tempo em que
conta sua historia. Triste o descaso do poder publico quanto a valorização
desse patrimônio que faz parte da historia local.
Seu
Nininho como é conhecido já colocou tudo a venda, mas pouca gente se interessou
pelos maquinários. Sabemos que essas máquinas são testemunhas da historia
politica e cultural de Sergipe, em especial de Maruim. Nelas foram impressos
periódicos tais como: O Maruinense, O Clarim, O Lavrador, A Vespa, O Imparcial,
O Comercio, Vida Maruinense e tantos outros de linha editorial católica, literária,
jurídica, agraria e humorística.
Percebemos que muitos seguimentos da
sociedade maruinense utilizavam dos serviços gráficos da Tipografia Impressa Econômica
confiando no profissionalismo da impressão.
Percebemos que esses jornais de circulação em
Maruim dependiam da contribuição do comercio local que na época foi chamado do
empório sergipano.
Conta ainda seu Nininho que a tipografia além
de imprimir os jornais, faziam trabalhos gráficos para todas as prefeituras da
região, até de fora de Sergipe, mas o poder executivo local nunca encomendou
seus serviços gráficos da a nossa tipografia, ele diz ainda que eles falavam
que santo de casa não faz milagre. Podemos ver que todo maquinário
ainda esta em condições de uso, mas esquecido pela historia e a falta de
interesse dos que fazem a cultura local.
Afirma Denio Azevedo que o gabinete
organizava debates literários e científicos, discursos eram proferidos e por
vezes publicados, produziam-se periódicos, tinham estatutos próprios, sócios
contribuintes e remidos, organizavam-se, saraus e colóquios. Todas as ações
culturais e sociais do gabinete de leitura era impresso na tipografia Empresa
Econômica logo que o gabinete
de leitura deixou de ter sua própria tipografia.
Maruim
guarda hoje na casa do senhor Everaldo, seu Nininho como é conhecido na cidade,
a memoria da impressa sergipana, os únicos maquinários de tipografia que
serviram aos jornais do século passado. Maquinas essas que anunciaram ao povo
de Maruim a mudança do regime imperial para a republica, acontecimentos que marcaram a vida cultural e politica
do nosso estado.
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