Ao
visitar São Cristóvão, via rodovia João Bebe Água, logo ao chegar na cidade
alta, nos deparamos com um monumento a nossa direita logo depois do hospital.
Uma frente de uma igreja e um casario antigo, que pouco se sabe a respeito, as informações
que se dar que foi ali uma residência religiosa, um sobrado e igreja hoje em ruínas.
Ambos datados meados do Sec. XVIII para o XIX, daí perguntamos o que foi isso
no passado? E o que representa hoje para a memória religiosa de Sergipe?
Então
resolvemos pesquisar:
O Antigo
convento dos capuchinhos, construído pelos frades Capuchinhos provavelmente
século 18, sua igreja foi demolida, restando apenas a estrutura mural da
fachada. A ordem dos Frades Menores Capuchinhos se constitui em uma das três
famílias franciscanas, compostas também pelos Frades Menores da Observância e
os Frades Menores Conventuais. Surgiu como uma reforma dentro da Ordem
Franciscana que objetivava, principalmente, voltar ao estilo da vida de São
Francisco de Assis, através de uma vida de pobreza, da pregação itinerante e da
forma franciscano primitiva de se vestir. As sandálias dos Capuchinhos deixaram
suas primeiras marcas no Brasil a partir do século XVI, com a vinda dos
missionários franceses que aportaram no Maranhão. Vindos com a expedição
francesa de Daniel de la Touche.
Foram expulsos por não obedecerem a Lei do
Padroado. Anos depois, foram mandados novos capuchinhos franceses vindos com os
holandeses para a catequização dos nativos em Pernambuco. Contudo, em 1654,
houve a expulsão dos Holandeses e com eles toda sua comitiva, incluindo os
religiosos. Entretanto, os frades embrenharam-se para a região sertaneja, sendo
encontrados e expulsos anos mais tarde.
foto : https://www.flickr.com/photos/adilson_aracaju/4670000069
Frei Martinho recebeu a missão de ir para a capital da Bahia, conforme um alvará de D. Pedro, príncipe regente de Portugal, datado de 11/12/1679, para dar início à construção do “Hospice” de Nossa Senhora da Piedade, futura residência missionária dos capuchinhos da Bahia. Esta primeira construção terminou aproximadamente em 1686. Em 1700 encerra-se esta primeira etapa na nossa história com a expulsão dos capuchinhos franceses do nosso país por questões políticas. O vazio deixado pela saída dos capuchinhos franceses foi por pouco tempo, uma vez que as missões da Bahia voltam a ser entregues aos capuchinhos - desta vez italianos – em 1705, pela Congregação da Propaganda Fide. E, assim, o decreto datado de 26/01/1705 entrega o “Hospice” de Nossa Senhora da Piedade para os frades capuchinhos italianos. Neste grupo inicial haviam frades provenientes de várias províncias italianas.
A história documental dos frades Capuchinhos existe desde as primeiras missões desses frades, especialmente o Frei Martinho de Nantes, que marca os primeiros registros manuscritos dessas Missões . O arquivo pertence ao Centro de Documentação e Memória da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos da Região da Bahia e Sergipe e abriga documentos manuscritos do século XVII ao século XXI.
( foto: https://www.flickr.com/photos/adilson_aracaju/4670000069 )
Para
substituir as escolas jesuíticas fechadas pela Reforma Pombalina, o governo foi
recrutando, como podia frades e monges de diversas ordens religiosas entre elas
os franciscanos, carmelitas, beneditinos e capuchinhos. Identificando, pois, a
presença destes em algumas cidades sergipanas, avaliar a atuação dos
religiosos, as condições sociais das comunidades aos quais os acolheram e o
motivo da sua vinda. As missões não pararam por aí, existem vestígios das
pegadas capuchinhas em 1841 na cidade de São Cristóvão, onde houve a construção
de um hospício e de uma capela.
Em 1844 o governador da província autorizava a
construção do seu hospício, nome dado ao convento naquela época, a sua construção
foi confiada a Frei Cândido de Taggia, que ao mesmo tempo da construção passou
a residir em São Cristóvão, também junto com o hospício foi erguida uma capela
que foi determinados como templo principal do senhor das misericórdias ou São Gonçalo
que teria teria um subordinação administrativa de um vice prefeito que também
teria sujeição ao prefeito da Bahia.
Outro fator importante a esta ordem é o aspecto
singular de terem sido os capuchinhos os pioneiros das chamadas missões
ambulantes, este fato permitia que os religiosos estivessem mais perto do povo
humilde, ensinando-lhes a doutrina e dando-lhes assistência espiritual outro
ponto que deve ser destacado encontra-se nas missões capuchinhas no
desenvolvimento da história dos Municípios de Sergipe, já que cooperaram no
processo de catequização dos índios, no desenvolvimento e fundação de uma
cidade.
Não podemos deixar de citar a influência das
atividades missionárias para a contribuição de uma história da Ordem dos Frades
Menores Capuchinhos e solos sergipanos. Em 1705, o Estado viu-se forçado pela
necessidade de autorizar a vinda de outros capuchinhos desta vez italianos para
dar assistência prioritária aos índios através das missões de aldeamento.
Quando falamos em Hospício nos
dias de hoje, associamos ao um lugar de doidos, de loucos, mas naquela época hospícios
era um lugar de hospedaria onde os frades capuchinhos italianos se organizavam
para as missões de evangelização, eles também faziam reuniões estrategistas
para a evangelização partindo dali a missão pelo sertão nordestino. Sabemos
muito pouco das atividades dos Frades Capuchinhos em São Cristóvão, temos
conhecimento de uma lei publicada em 08 de março de 1841 que autorizava a
construção e ditava ordens gerencias administrativas, esta mesma Ordem dos
Frades Menores Capuchinhos, principalmente no tocante de Sergipe.
Em são Cristóvão tudo começou com
três frades religiosos iniciando a construção do hospício e dando início a
catequese no interior da província. O complexo da igreja e o hospício ficaram
prontos e foram inaugurados no final dos anos de 1846, também os capuchinhos
passaram a usar o hospício como um grande centro cultural, além das atividades
religiosas. Exatamente a 163 anos foi erguido um centro religioso moderno para
sua época, mesmo com a imagem que construímos dos capuchinhos, vida simples
votos de pobreza, era uma grande obra para o seu tempo, que dali saiam as
comissões para o evangelismo, os frades capuchinhos, também usavam para outros fins educacionais e
culturais o recinto.
(foto do site : https://www.flickr.com/photos/adilson_aracaju/4670000069 )
Hoje reside uma família que já se
vão quatro gerações, a igreja o que resta é à frente, recentemente reformada
pelo IPHAN, mas o sobrado não foi reformado, o proprietário que aos poucos vem
conservando e pretende transformar em uma pousada, dar um sentido ao que restou e preservar a
memória cultural religiosa dos frades Capuchinhos que ali viveram. Mas um
monumento histórico religioso pede proteção, pede conservação.
Adorei o texto, as construções abandonadas sempre causam uma certa curiosidade e essa construção é mais dentre tantas outras em nosso Estado.
ResponderExcluirTem um momento no texto, que o senhor diz que a palavra hospício mudou o seu significado com o passar dos anos, sendo que no período da referida construção ela era usada para hospedagem. Nunca tinha lido essa informação, bem... mas o senhor deve concordar que o termo Hospício sempre foi carregado de certa negatividade e pelo texto, o senhor afirma que lá havia a catequização das pessoas. Veja... num hospício onde as pessoas saíam da "ignorância", eram "purificadas" com a palavra do senhor. Não sei se estou sendo claro... mas é como essa carga negativa sempre estivesse relacionada ao termo hospício. Não???
E uma observação, em uma passagem do texto há um erro na grafia referente ao século no quarto parágrafo do texto, segue a passagem:
ResponderExcluir"O Antigo convento dos capuchinhos, construído pelos frades Capuchinhos no século IXX".
Acredito que seja século XIX.
Diogo
ExcluirObrigado pela observação, já foi feito a correção, valeu obrigado
abraços
Diogo
ResponderExcluirObrigado pela observação, já foi feito a correção, valeu obrigado
abraços
A cidade que escolhi para morar e rica em um passado com muito a ser estudado, São Cristóvão SE.
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