terça-feira, 18 de agosto de 2009

BATISTINHA DA MARCAÇÃO

O MAIOR CANTADOR DE COCO DO NORDESTE !





96 ANOS DE MUITA HISTÓRA !






*Adailton dos Santos Andrade

Aos 96 anos de idade João Batista dos Santos, conhecido como Batistinha da Marcação, nasceu na Usina Santa Bárbara, em Rosário do Catete. Filho de José Abraão dos Santos e dona Maria Francisca de Jesus, roceiros e trabalhadores da mesma usina. Hoje com seus 96 anos, canta coco e passa sua vida em uma casinha pacata no município de General Maynard. João Batista Sempre foi trabalhador de roça desde a sua infância, trabalhou em alguns engenhos sempre na lida da roça, passou uma boa parte do tempo ainda no cabo da enxada, na fazenda Caldas de propriedade de Augusto Maynard Gomes, lá recebeu os primeiros incentivos na arte de cantador de viola por dona Helena Nobre Maynard, e nas noites de lua cheia alegrava a vidas dos posseiros, trabalhadores daquela fazenda. Em 1946, deixa sua cidade e vai residir em Marcação, atualmente, General Maynard, vai trabalhar nas caldas e mais tarde adquirindo sítio, que mora até os dias de hoje passa a cultivar hortaliças, com uma banca na feira vendia frutas e verduras, mas sempre com o pensamento na viola.




Nesta época João Batista já era conhecido como Batistinha da Marcação, entre um freguês e outro cantava um verso em coco, sem nunca repetir uma estrofe, (isso faz até os dias de hoje ) Conheceu Jose Emídio um cantador de coco das alagoas, já com seus 18 anos de idade, sentia na veia artista que tinha dom para aquela arte de cantar coco, mas tarde conhece outra grande cantador de coco o pernambucano Antonio Salustiano de Oliveira que dar incentivos e dicas na arrumação dos versos e nas quebrados do ritmo do coco isso por volta de 1975, daí pra frente ninguém conhecia mais João Batista e sim Batistinha da marcação.
Batistinha da Marcação, assim gosta de ser chamado !

Neste período os cantadores tinha espaço garantido nos programas de radio, Batistinha, já começava sua carreira nas principais rádios da capital. Cantou nos programas de Flodualdo Vieira “Saudade do meu bem”, na radio Difusora, cantou também no programa de Silva Lima, o “informativo Cinzano” e tantas outras que oferecia o espaço para este talentoso cantador. Segundo professor e historiador Jackson da Silva Lima foi a professora da Universidade Federal Beatriz Góis Dantas que escreveu Batistinha na programação do festival de Arte de São Cristóvão no ano de 1973, isso já na companhia de outro grande violeiro o Rouxinol do Norte vindo das Alagoas, daí pra frente, ele era requisitado para tocar em todas as festas populares do estado e confessa com orgulho do apoio de grandes políticos como Lourival batista, Augusto Maynard Gomes, Leandro Maciel e tantos outros, também diz que foi Martinho Xavier prefeito de Rosário do Catete, meados dos anos 70 quem lhe deu o maior apoio na carreira artística, ajudando a se escrever nos festivais nos concursos , um deles foi no do SESC que ganhou o primeiro lugar com isso recebeu uma quantia de 20.000 cruzeiros, para sua época era muito dinheiro, deu até pra ele comprar um sitio que mora até hoje.


Com seu 96 anos Batistinha da Marcação é sem duvida o mais famoso cantador de coco do estado de Sergipe, e em vida do nordeste. Mesmo com uma idade avançada, sem visão, ele canta os cocos, sem repetir um verso, tira de qualquer tema uma entoada, basta dar um nome uma palavra logo Batistinha estaca cantando em versos nos ritmos quebrados do coco. Lembra com saudades das pessoas que conheceu e que lhe deu valor, fala entusiasmado de Luis Antonio Barreto, dona Arlete, Martinho Xavier, Maynard Gomes, doba Helena Maynard, João Evangelista, este sim, ele recorda a amizade que tinha com o amigo, conta que ia ao estabelecimento comercial de João Evangelista, passar horas de prosas, anedotas tinha como ponto de parada para contar suas historias, e logo criava um aglomerado de pessoas.

Batistinha diz que estar vivendo na despedida de tudo, já não enxerga, pouco sai de General Maynard, com noventa e cinco anos, em companhia dos filhos e netos ver a vida passar, nas lembranças de um passado que te deu muitas alegrias, onde cantou a amizade, cantou o maior na sua arte, arte de cantar o coco. Hoje Sergipe tem em vida um dos maiores cantadores de coco do nordeste, uma pena que na cultura dos nossos governantes não tenha espaço para esta arte, vivemos de pão e circo, não temos memória e nossa cultura esta a mercê de mero esquecimento. Então, viva Batistinha da marcação, viva a arte da nossa gente, viva a memória daquele que nos anos 70 foi a maior expressão cultural do nosso estado. Que possamos celebrar seu centenário, que sua historia, sua memória se perpetue por todo um sempre. Viva Batistinha da Marcação!

"Batistinha diz que estar vivendo na despedida de tudo, já não enxerga, pouco sai de General Maynard, com noventa e cinco anos, em companhia dos filhos e netos ver a vida passar, nas lembranças de um passado que te deu muitas alegrias, onde cantou a amizade, cantou o maior na sua arte, arte de cantar o coco. "


Hoje Sergipe tem em vida um dos maiores cantador de coco do nordeste, uma pena que na cultura dos nossos governantes não tenha espaço para esta arte, vivemos de pão e circo, não temos memória e nossa cultura esta a mercê de mero esquecimento.
Então, viva Batistinha da Marcação, viva a arte da nossa gente, viva a memória daquele que nos anos 70 foi a maior expressão cultural do nosso estado.
Que possamos celebrar seu centenário, que sua historia, sua memória se perpetue por todo um sempre. Viva Batistinha da Marcação!

"REPENTES " DE BATISTINHA

A força do bem querer
Formosa e bem bonitinha
Com esse seu gravador
Seguro na sua maozinha
Eu tive garnde prazer
por achar minha casinha


Essa outra senhorinha
Loueinha, formosa e bela
Eu queria ser um relógio
Pra taí no seu braço dela
Ela olhando pras horas
E eu olhando pra ela.

As duas formosas e belas
Esse distindo cidadao
Menino novo foi na idade
Olhando esse violao
O conhecido "Batistinha"
Filho do velho Abraáo


Esse ai tá de pronditao
Na minha casa ele veio trazer
Porque voces nao sabiam
Ele trouxe de presente voces
Eu me sinto maravilhoso
E tou com grande prazer.
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­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­ Dados sobre o autor.
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 Licenciado em História, pós-graduado em Ensino Superior em História, pós-graduado em Sergipe Sociedade e Cultura, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. Membro na qualidade de pesquisador dos Grupos de Estudo e Pesquisa da UFS: Grupo de Estudos e Pesquisas em Memória e Patrimônio Sergipano. (GEMPS/UFS/CNPq) e o Grupo de Estudos e Pesquisas Culturas, Identidades e Religiosidades (GPCIR/UFS/CNPq) Professor da rede particular e Pública de ensino. adailton.andrade@bol.com.br / adailton66andrade@gmail.com fontesdahistoriadesergipe@bol.com.br


Fonte de pesquisa:
Artigos escritos por Luis Antonio Barreto
Artigos escritos por Jackson da Silva Lima
Entrevista concedida ao Pesquisador Adailton em 17 de agosto de 2009

2 comentários:

  1. Nossa,como era maravilhoso ouvido tocar Deus repente.Quantas saudades do meu avô.

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  2. Saudades dos tempos que ouvir ele tocar.

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