Rosário do Catete, berço da
História Política de Sergipe
*Adailton Andrade
Ao trafegar na rodovia que corta a BR-101 no
sentido de Aracaju a Propriá, logo se vê na entrada da cidade de Rosário do
Catete uma grande imagem de nossa Senhora do Rosário, além de muitas barracas de vendedores de milho. Mas só
passar não dá para ter uma ideia do que foi esse município no contexto
histórico nacional e, em especial, na história Política de Sergipe.
As terras ocupadas pela Cidade de Rosário do
Catete pertenciam ao antigo engenho Jordão, de propriedade de Jorge de Almeida
Campos, que as doou para construção da capela de Nossa Senhora do Rosário.
Sabe-se que foi
onde que nasceu João Gomes de Melo, o Barão de Maruim, no engenho Santa Barbara de baixo, esse mesmo foi responsável
pela assinatura da ata de mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju. Fato
que aconteceu no Engenho “unha de Gato” pertencente a uma família de
portugueses, posteriormente ao Barão.
A História de Rosário do Catete tem início em 1575,
quando houve a primeira tentativa de conquista de Sergipe por Luiz de Brito,
governador da Bahia. É a referência mais antiga. Bem próximo ao local em que a
atual cidade se encontra, existia uma aldeia de índios. Que viviam às margens
de um rio e sob o comando do índio Siriry.
A povoação rosarense crescia tanto que, por
volta de 1828, a Câmara de Santo Amaro resolveu transferir para Rosário a sede
do município de Maruim. Os habitantes de Santo Amaro e Maruim declararam guerra
entre si. O Governo da província acabou intervindo e ratificando a decisão da
Câmara de Santo Amaro. De uma canetada só, a povoação de Rosário do Catete
passava à freguesia, vila e sede de município. Mas isso durou pouco. As reações
de Maruim foram fortes. Em 3 de fevereiro de 1831, Rosário volta a pertencer a
Santo Amaro como povoamento e Freguesia. Cinco anos depois, ela se tornava
Vila de Nossa Senhora do Rosário do Catete. Assim, a cidade nasceu com a
Revolta de santo Amaro.
Berço dos intelectuais de Sergipe
Antonio Garcia Filho Formou-se pela
Faculdade de Medicina da Bahia, em 1941. Iniciou suas atividades como médico em
Aracaju, transferindo-se depois para a cidade de Laranjeiras/SE. Foi o primeiro
Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários desta Universidade e seu
primeiro professor de Anestesiologia na Faculdade de Medicina. Foi professor de
Nutrição da Faculdade Católica de Ciências Sociais. Foi membro da Academia
Sergipana de Letras onde ocupou a Cadeira No. 1, cujo patrono foi o intelectual
Tobias Barreto de Menezes. Além de poeta foi compositor de músicas. É o autor
da letra do Hino do 28º Batalhão de Caçadores e do Hino da Cidade de Rosário do
Catete.
Manuel Cabral Machado,
professor, intelectual, homem público e
um dos maiores vultos do século XX, que marcou com sua presença décadas
seguidas com atividades inovadoras. Filho do médico Odilon Ferreira Machado que
também foi prefeito em Rosário em um mandato de dois anos de 1920 a
1922. Publicou diversos livros, destacando-se: Brava gente sergipana e outros bravos (1999), Elegias a Elohim, Poemas à mãe de Deus, Aproximações Críticas
(todos de 2002), Baladas de bem-querer à
Bahia (2003) e O aprendiz de oboé
(2005). Presidiu a Academia Sergipana de Letras, e frequentou, permanentemente,
as suas sessões, como um dos mais atuantes debatedores, também foi membro da Academia
Brasileira de Ciências Sociais Criado na Capela, cidade onde seu pai voltou
a fixar-se, foi também , o ex-vice governador de Sergipe na gestão de
Lourival Batista. Morreu com 92 anos, em 2009, no Hospital São Lucas por falência múltiplos de órgãos.
Maximino
de Araújo Maciel- nasceu em Rosário no dia 20 de abril de 1866. Fez os
preparatórios em Sergipe e em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro onde
formou-se em Direito (1890-1894) e Medicina (1896-1901). Foi professor
catedrático de língua portuguesa no Colégio Militar, desde 1893. Em 1919,
atingiu o posto de Tenente Coronel. Pertenceu ao Instituto Histórico e
Geográfico de Sergipe e outras instituições científicas e culturais do Rio de
Janeiro e Sergipe, Gramática Analítica, Filologia Portuguesa, Gramática
Descritiva, Taxionomia Social, Lições de Botânica Geral, Noções de Agronomia,
Lições Elementares de Língua Portuguesa, Elementos de Botânica Geral e
Elementos de Zoologia.
Celeiro
de Grandes Políticos
Conhecido como celeiro político de Sergipe,
daí saíram Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel foi deputado no Império e senador
na República. Mais tarde, seu filho, Leandro Maynard Maciel, seria governador
do Estado. Outras figuras marcantes foram Augusto Maynard Gomes e Edelzio Viera
de Melo que foi vice-governador assumindo mais tarde o governo. Deste modo,
Rosário ofertou a Sergipe quatro nomes a governar o Estado. Leandro Maynard
Maciel em 1960 foi indicado para ser vice-presidente da República na chapa de
Jânio Quadros, mas renunciou em favor de Milton Campos.
Sede de Assembleia Legislativa do Estado e Sede do Governo
Foi
sede da Assembleia legislativa na eleição
para o Senado da República em 1894. Em
meio à contendas, José Calazans transferiu a sede do governo sergipano de Aracaju
para a cidade de Rosário do Catete. Esse ato foi visto por seus opositores como
de abandono do poder. Sílvio Romero, em praça pública, defendeu então a passagem
do governo para o presidente da Assembleia Legislativa, João Vieira Leite, favorável
ao grupo valadonista, que foi de fato empossado em 11 de setembro de 1894. A
situação de duplicidade de poderes instalada nesse momento levou ao surgimento
dos apelidos que iriam identificar as rivalidades da política sergipana na
Primeira República: os “pebas”, que ficaram nas areias de Aracaju, e os
“cabaús”, reunidos na zona dos engenhos de Rosário Catete. A Assembleia
funcionou na rua de baixo e o governador
despachava no Paço Municipal segundo a descrição de alguns documentos.
Rosário do catete e a geração dos bacharéis e médicos de Sergipe
Essa
geração revolucionou a Faculdade de Direito do Recife e na Faculdade de
Medicina da Bahia os cânones vigentes, difundindo novas ideias e assim fixando
os fundamentos da cultura Brasileira. São eles:
Antônio Dias de Pinna advogado fundador do curso de direto da USP.
Estudou na Faculdade de Recife concluindo em 1865. Em Sergipe exerceu os cargos
de promotor público da comarca de Laranjeiras, 1866-1869; de inspetor geral das
aulas, de novembro de 1869 a 1870; promotor público de Laranjeiras pela segunda
vez, removido em maio de 1874 para o Aracaju, cujas funções desempenhou até
1875; deputado provincial nas três legislaturas bienais de 1872-1877.
João Maynard Desembargador, nasceu no engenho “Saco” município do Rosário
do Catete em 8 de janeiro de 1878. Bacharel em ciências jurídicas e sociais
pela Faculdade Livre do Rio de Janeiro, exerceu os cargos de Juiz Municipal do
termo de Itabaianinha, sede da então comarca do Rio Real. Em Aracaju tem uma
avenida com seu nome : Avenida “Desembargador
Maynard”.
Jose
Sotero Vieira de Melo Desembargador, filho de Francisco Vieira de
Melo e de Maria Rosa de São José e Melo. Nasceu em Rosário do Catete, em 13 de
maio de 1856. Pertenceu a geração dos bacharéis e médicos de Sergipe, que
revolucionaram na Faculdade de Direito do Recife e na Faculdade de Medicina da
Bahia. Em fevereiro de 1869, com 13 anos, foi levado pelo tio, João Gomes de
Melo, o Barão de Maruim, um dos homens mais influentes da Província, para o Rio
de Janeiro, onde estudou nos colégios São Salvador e Pinheiro, continuando e
concluindo os preparatórios, permanecendo até 1873, quando foi para Recife e
ingressou na Faculdade de Direito do
Recife.
Patrimônio
material de Rosário do Catete
O patrimônio material é
composto por um conjunto de bens culturais tais como igrejas, engenhos,
sobrados e residências centenárias que
fazem parte do orgulho maior dos seus moradores classificados, segundo sua natureza,
conforme está sendo inventariado na gestão do
Prefeito Etelvino Barreto.
Igreja de Nossa Senhora de Nazaré foi construída em 1709 , foi demolida e construída
outra no mês o lugar em 1864
fazendo parte do engenho Catete Novo
pertencente ao Barão de Maruim.
Igreja Matriz
Nossa Senhora do Rosários
sua Construção do século XVIII. Iniciou sua construção em1746 e a irmandade é criada
em 1779. O convento dos franciscanos abrigou a irmandade de São Benedito no século
XVIII. Outro lugar que o santo era venerado era na povoação de Rosário do
Catete, pois na capela da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos homens
pretos e pardos.
Capela
da fazenda Caldas onde foi enterrado os restos
mortais do General Augusto
Maynard Gomes. Com venda da
fazenda seus restos mortais foram transferidos
para o cemitério santa Isabel em
Aracaju
Igreja Nossa Senhora do Amparo foi
construída no século XIX e restaurada em 1946 por Simeão Machado.
Estação de Trem,
inaugurado em 1914 essa mesma está passando pelo processo de tombamento pelo
IPHAN chamado de “valoração” será o 1º Tombamento a nível Nacional da cidade. Alguns acontecimentos históricos marcaram a história
da estação férrea, sendo palco
de vários episódios.
Em 1924 serviu de embarque de tropas
dos tenentes na revolta de
24 comandada por Maynard Gomes, amando vagão de Trem
com canhão a combater tropas legalistas em Carmópolis.
Na década de 1933 desembarca o então Presidente do Brasil o sr. Getúlio
Vargas para inauguração da Ponte de Pedra Branca. Serviu como terminação de
escoamento de açúcar e mais tarde como terminal de carga
de Potássio sendo usada pela vale
do Rio Doce. Hoje é sede da banda
de Música Luís Ferreira Gomes.
Grupo Escolar Leandro Maciel construção
da década de 1930 por Augusto Maynard Gomes .
Sobrados da rua de baixo Construção
segunda metade do século XIX, por dois portugueses que tinham comércio em Maruim. Mais tarde
passa a pertencer as
famílias de João batista de Moraes Ribeiro, Manuel Cabral Machado e o outro a família
de Leandro Maciel.
Cemitério Paroquial de Rosário do Catete 19 de maio
de 18856, o Presidente da Província
, Dr. Salvador Correia de Sá e Benevides, dirigiu uma circular
nº 7 às Câmaras incitando-se a
fazerem Cemitérios, e a de Rosário foi a
umas das Primeiras que tratou do Assunto, marcando lugar para a sua necrópole ao sul da Vila. Seria construído, como se
fosse pela Câmara, e com auxílio dos particulares, em 1857 já se sepultava os mortos
rosarenses, mas só se deu
por pronto em janeiro de 1862,
quando foram feitas as obras delineadas pelo engenheiro da
Província, por ordem governamental. Foi quando lhe deu por pronto seu dirigente
1ª de fevereiro de 1861, o capital de
engenheiros Francisco Pereira da Silva
responsável pela obra .
Engenho Serra Negra atualmente só existe uma chaminé no local do
engenho. O Serra Negra foi uma pequena propriedade, mas de altíssima produção,
ele tinha uma casa simples de pedras imponente. Ele foi o engenho mais importante
do século XVIII para o XIX, pertenceu a Leandro Maciel (pai) tinha a visão mais
alta sobre os outros o engenho só entra em declínio quando Leandro Maciel (pai)
tem a necessidade de aumentar a produção e a necessidade de uma casa maior por
causa da família grande e ele o abandona e vai para Japaratuba para o engenho
entre rios com uma maior propriedade e na região litorânea.
Rosário do Catete
teve outros engenhos de
grande relevância para a história econômica do estado Tais como:
Santa
Barbara, Paty, Bom Nome, Oitocentas, Lagoa Grande, Saco, Sitio Novo, Catete
velho e Novo, Jurema, Piripiri, Várzea,
Jordão , Jucurema, Salobro, Cajá,
Marrecas, Bom Sucesso, Capim Assú, Jenipapo, Vazia Grande, Cumbe, Ilha e Campo
Redondo.
Hoje existe uma preocupação e um desejo da administração
e dos fazedores de Cultura da cidade em expressar e
despertar o sentimento de
pertencimento e salvaguarda, por parte dos rosarenses, que amam e admiram esta cidade, em prol da manutenção das
riquezas materiais e imateriais deste povo, novos tempos , tempos de conhecer, amar e proteger nossa memória, nossa história o
legado de sua gente seu maior
patrimônio. Esperamos que a sociedade e as autoridades competentes
caminhem juntos, norteados pelo desejo de uma cidade melhor e mais eficiente na
preservação de suas raízes, rumo ao avanço sociocultural e econômico deste
povo. É pra frente de que anda.
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Adailton
Andrade, Licenciado em História, Pós-graduado em Ensino Superior em História,
Pós-graduado em ‘Sergipe Sociedade e Cultura, Membro do IHGSE ( Instituto
Histórico e Geográfico de Sergipe). Associado a ANPUH/SE (Associação Nacional
de História) . Membro na qualidade de pesquisador dos Grupos de Estudo e
Pesquisa da UFS: Grupo de Estudos e Pesquisas em Memória e Patrimônio Sergipano
( GEMPS/UFS/CNPq ). Diretor de
Cultura do município de Rosário de Catete. Biografo de Augusto Maynard Gomes.
adailton.andrade@bol.com.br
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