quarta-feira, 25 de maio de 2016

Barra dos Coqueiros




Ilha  de Santa Luzia


A Barra já foi a ilha dos Coqueiros. O município de Santa Luzia, que já foi um porto seguro de navegadores franceses, só foi emancipado em 1952.




Bem antes de os portugueses chegarem às terras que hoje formam o Estado de Sergipe, os navegadores franceses já tinham fortes contatos comerciais com os índios que aqui habitavam. Acredita-se que foram eles que trouxeram para cá o coqueiro. Os primeiros registros da existência de povoamento do território da antiga Ilha dos Coqueiros datam de 1590, quando da conquista definitiva do território da Capitania de Sergipe d’El Rei.






O historiador que mais fez referências a Ilha dos Coqueiros foi o cartógrafo holandês Barleus. Ele chegou a colocar a cidade de São Cristóvão na costa ocidental da Ilha dos Coqueiros. Mas boa parte dos historiadores revolta-se com essa posição do holandês, que acabou sendo referendado por Felisbello Freire. A discussão se estendeu por muitos anos.


Nos seus escritos, Barleus ainda faz referências à povoação na antiga Ilha dos Coqueiros, incluindo entre as capelas existentes em 1632 na capitania, a de São Cristóvão, que ficava naquela ilha. A povoação se desenvolveu envolta pelas embarcações que chegavam e partiam da ilha. O fluxo de importações e exportações era tanto que lá foi instalada uma Mesa de Rendas, espécie de posto fiscal da Secretaria da Fazenda.
 Fonte  principal  de tudo que já foi escrito  sobre a Barra dos Coqueiros

Em 1854, o então presidente da província, Ignácio Joaquim Barbosa, toma uma atitude equivocada. Em 30 de dezembro daquele ano ele determina ao inspetor da Tesouraria Provincial que faça a imediata transferência da Mesa de Rendas da Ilha dos Coqueiros para a margem oposta do Rio Sergipe, isto é, na povoação de Santo Antônio do Aracaju.

Mas a localização da Mesa de Rendas na ilha se justificava tendo em vista as embarcações de grande porte que penetravam pela barra do Rio Sergipe para atender as demandas dos importantes portos de Maruim  Laranjeiras e Santo Amaro. Os navios chegavam na barra, esperavam a preamar (maré alta) e depois seguiam aos portos, que por sua vez faziam inúmeras transações com muitos países europeus.






Depois que Aracaju aparece como capital, em 17 de março de 1855, a Ilha dos Coqueiros é absorvida pela nova cidade. O início de progresso conquistado pelos moradores da ilha ficou estagnado e tudo seguia para Aracaju, a capital. Mas 20 anos depois, em 10 de maio de 1875, a povoação da ilha ganhou o status de freguesia com o nome de Freguesia de Nossa Senhora dos Mares da Barra dos Coqueiros. No entanto, essa nova categoria era apenas teórica.

Por muitos anos, os moradores da Barra dos Coqueiros não tiveram nenhum desejo mais sincero de transformar o povoado em cidade. A proximidade com a capital era o fator principal dessa manutenção. Mas a situação começou a mudar quando o coco-da-baía passou a ser muito valorizado no mercado nacional e internacional e na Barra dos Coqueiros foram instaladas duas fábricas de beneficiamento do coco.


Em 1953 ocorre uma grande revisão do território de Sergipe. Muitas freguesias e povoados já vinham brigando para se tornarem cidades independentes. A Assembléia dos Deputados aprovou e o Governo sancionou a criação de mais 19 municípios, dentre eles a Barra dos Coqueiros. Mais precisamente no dia 25 de novembro de 1953, a Barra é elevada à condição de cidade.

Mas a ilha que virou município demorou ainda para se tornar efetivamente independente. Isso só aconteceu no final de 1954 quando 598 eleitores dos 1.105 inscritos votaram no primeiro prefeito da Barra dos Coqueiros e nos cinco primeiros vereadores. No dia 31 de janeiro de 1955 toma posse como prefeito, Moisés Gomes Pereira.

A Barra dos Coqueiros, por certo, tem dezenas de filhos ilustres que se destacaram em Sergipe e no Brasil. Mas dois merecem registro: o general Antônio Sebastião Basílio Pirro e o jornalista Gratulino Vieira de Mello Coelho.


O general Antônio Sebastião Basílio Pirro era filho de Francisco Pirro, que desenhou Aracaju como um tabuleiro de xadrez. Antônio Pirro nasceu em 29 de janeiro de 1852, e em 1887 acompanhou o Barão de Capanema na
comissão brasileira de limites com a República da Argentina. Ele realizou, como auxiliar técnico, as explorações dos rios Chopim e Iguassu, e depois no Rio Jangada.

Na revolta da esquadra, em 6 de setembro de 1893, ele defendeu vários pontos do litoral da capital da República. Os revoltosos iriam desembarcar lá. O general Antônio Pirro ainda participou de lutas em Canudos, em 1887, e depois da revolução Ponce, no Mato Grosso, em 1906. Ele possuía várias condecorações.

O general, quando ainda era alferes, foi o inventor de um aparelho para tiro ao alvo, que foi adotado oficialmente pelo Exército, e passou a se chamar ‘Mesa de Pontaria de Pirro’. Ele morreu em 3 de abril de 1929, no Rio de Janeiro.
Já Gratulino Vieira de Mello Coelho nasceu em 11 de junho de 1844, na Ilha dos Coqueiros. Era filho de João Vieira de Mello Coelho e Norberta Maia de Morais. Foi jornalista e poeta. Ele aparecia constantemente nas colunas dos jornais de Aracaju. Foi o redator-chefe, no Rio de Janeiro, do jornal mensal “O Myosote”. Esta publicação recebia a colaboração de Bruno Labra, Castro Alves e outros intelectuais da época. Ele morreu no Rio de Janeiro em 17 de novembro de 1918.

Em 1952, antes mesmo da emancipação política do município (25 de novembro de 1953), a jovem professora do primário, Maria do Céu Sales, fundou o Educandário Nossa Senhora de Fátima. A instituição particular lecionava do primeiro ao quarto ano do primário, atual ensino fundamental. Por décadas, a mestre pioneira educou várias gerações de barra-coqueirenses.


A maneira peculiar de ensinar logo logo tornaria a professora Maria do Céu, como é conhecida, uma referência na área educacional do município. Assim, boa parte da comunidade estudantil da Barra dos Coqueiros tinha a obrigação de passar pelos bancos de seu educandário.

Na década de 60, outras duas professoras fundaram outro educandário, o Santa Luzia. As mestras irmãs Creuza Gomes e Maria Zelma davam continuidade à educação na Barra dos Coqueiros. No início dos anos 70, outra grande educadora, Maria Lígia Moura, fundou mais um educandário, o São Luiz. A entidade de ensino também se tornou exemplar. Vale lembrar ainda o professor poliglota José Franklin.

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Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e colaboração de José Ramos dos Santos


           

5 comentários:

  1. Boa noite. Minha família é oriunda de Barra dos Coqueiros, família Alves dos Reis e Moura dos Reis. Minha tia bisavó , Renildes, foi casa com Hermes Pacífico. Lembro-me dela, de tia Risoleta dos Reis e claro, de minha bisavó, Delfina Moura dos Reis. Segundo minha avó, Consuelo, também já falecida, a menção de nossos antepassados na Igreja de Santa Luzia, como incentivadores de sua construção. Procede? Estive em Barra em 1978, no antigo sítio Faceiro. Tenho lindas lembranças.Gostaria de mante-la vivas em meus descendentes. Obriga, Elaine

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    1. Oi Elaine, sou Historiador e também me interesso pelos fragmentos históricos da cidade de Barra dos Coqueiros, siga o Instagram da Academia Barracoquerense de Letras abla15.06.2018 ou o meu valter_albano forte abraço

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    2. Oi Elaine, sou Historiador e também me interesso pelos fragmentos históricos da cidade de Barra dos Coqueiros, siga o Instagram da Academia Barracoquerense de Letras abla15.06.2018 ou o meu valter_albano forte abraço

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  2. Muito bom, gostei de saber um pouco sobre a Barra dos Coqueiros, principalmente que já foi o Porto Seguro dos Navegantes Franceses.
    Parabéns Professor Adailton pelo seu excelente trabalho e por compartilhar conosco.

    Conceição Góis

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  3. Simplesmente adorei ler esses fatos históricos aqui postados. Muito obrigado pelas informações fornecidas. Foram de grande ajuda.

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