*Por Iury Andrade
O historiador Adailton Andrade é o sexto sergipano empossado no Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), após quase 70 anos desde a nomeação do antropólogo Felte Bezerra, seu conterrâneo, último sergipano a fazer parte do Instituto.
Há pouco mais de 68 anos, não houve notícia da nomeação e posse de outro sergipano a suceder o antropólogo Felte Bezerra, que faleceu em 1990. Agora, em 2024, nas celebrações aos 137 anos do Instituto do Ceará que ocorrerá no dia 04 de março, também conhecido como a casa do Barão de Sturdat, a entidade contará com o mais novo empossado sergipano: o historiador aracajuano Adailton Andrade.
Natural de Aracaju, capital de Sergipe, mas criado em São Cristóvão — cidade-mãe que tanto ama e estima —, Adailton nasceu no dia 03 de abril de 1966, e é filho de Maria Lúcia dos Santos e Cícero Paes de Andrade (militar ex-combatente da Marinha do Brasil, o qual esteve presente na 2ª Guerra Mundial!). Licenciado em História, pela Universidade Tiradentes, com pós-graduação em Museologia, Arquivologia e História Regional, Adailton possui uma gama de publicações bibliográficas acerca da história e política sergipana, bem como sobre a cultura e figuras marcantes do seu estado. É Doctor Honoris Causa pelo consórcio acadêmico CONCLAB/CONINTER, comendador por 2 anos consecutivos da Câmara Brasileira de Cultura, também do Conselho Estadual de Cultura de Sergipe — este, pelos serviços prestados à socialização da pesquisa histórica.
Atualmente, o maior projeto desse notável historiador sergipano é a Confraria de História e Memória (CONFRAHM), onde o mesmo é membro fundador e também exerce a função de presidente. A CONFRAHM tem a função de salvaguardar e divulgar a história e cultura sancristovense — consequentemente, por se tratar da cidade-mãe do estado, a qual a maior parte dos acontecimentos históricos sucederam de lá, a CONFRAHM também delega a história de todo o estado de Sergipe.
A ligação de Sergipe com o Instituto do Ceará começa com a posse de Manoel dos Passos de Oliveira Teles, sendo empossado como membro correspondente no dia 04 de março de 1907. Foi um escritor, magistrado, poeta, historiógrafo, linguista e professor sergipano. Um homem dotado de uma rara inteligência e um grande conhecimento, dedicou a construção de sua obra a temas relacionados à História, Geografia, Linguística, Antropologia, Literatura, Filosofia, Arqueologia, Música e Jornalismo, o que resultou em uma vasta e diversificada produção intelectual — Manoel foi um verdadeiro polímata.
Em seguida, ambos empossados no dia 07 de março de 1907, foi a vez de Epifânio da Fonseca Dória e Menezes (ou simplesmente Epifânio Dória), e Felisberto Firmo de Oliveira Freire. Epifânio o qual foi documentarista, jornalista e pesquisador. Também dirigiu a Biblioteca do Estado de Sergipe de 1914 a 1943. Tornou-se ainda presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro da Associação Sergipana de Imprensa, da Academia Sergipana de Letras e de várias instituições literárias do exterior e do Brasil, entre elas o Instituto do Ceará (Histórico Geográfico e Antropológico). Por sua vez, Felisberto (conhecido como Barão de Laranjeiras) foi tenente-coronel brasileiro baronato em 12 de maio de 1819, proprietário dos engenhos do Belém, Piabussu e Roma, todos localizados no município de São Cristóvão (SE), às margens do rio Vaza-Barris. Seu título de Barão foi concedido por decreto de D. Pedro II, em 29 de fevereiro de 1872 — título de provável origem toponímica, referente à cidade sergipana de Laranjeiras.
Posteriormente, fora empossado no dia 22 de março de 1919 Francisco Antônio de Carvalho Lima Júnior, republicano emérito. Francisco trabalhou pela Proclamação da República em alguns municípios sergipanos.
Por fim, desde então o último sergipano empossado há quase 70 anos, temos o notável antropólogo que se destacou por seus estudos de componentes étnicos e formação social sergipana, Felte Bezerra, empossado em 20 de abril de 1956.
O empossamento de Adailton Andrade denota a exuberância e primazia dos conterrâneos sergipanos — essa é a prova que, mesmo sendo o menor estado do Brasil, Sergipe tem em seu seio filhos distintos que mal cabem na própria terra. O Nordeste, o Brasil, o mundo são de vocês, Manoel, Epifânio, Felisberto, Francisco, Felte e, agora, Adailton de Andrade.