Luis Antonio Barreto
Em Torno do Topônimo Aracaju
Gabriel
Soares de Souza, no seu monumental Tratado descritivo do Brasil em
1587, refere-se assim ao Morro do Urubu, que era denominado, nas Cartas
náuticas...
(Foto: Arivaldo Azevedo Santana/Fotos Antigas Portal Infonet) |
Gabriel Soares de Souza, no seu monumental Tratado descritivo do Brasil
em 1587, refere-se assim ao Morro do Urubu, que era denominado, nas
Cartas náuticas, de Morro do Aracaju: “A este monte chamam os índios
Manhana, que quer dizer entre eles “espia”, por se ver de todas as
partes de muito longe. O termo Manhana, que existe na língua hebraica,
tem sido traduzido como “atalaia”, “vigia,” o que é semelhante ao
“espia” dos Tupinambás. Isto remete a outros termos indígenas, que
parecem descender de velhos idiomas.
Na língua Tupi, ou Neengatu ( língua geral), a mais falada na costa brasileira quando dos descobrimentos, sobreviveram vários prefixos e muitas palavras que guardam semelhança com línguas cultas de outros tempos, como o Sânscrito e o Grego. O prefixo ARA, por exemplo, tem a mesma etimologia primária em Tupi e em Sãnscrito, significando Dia, Tempo, Mundo, enquanto ARÁ, ORÓ, do Tupi, quer dizer Colina no idioma grego, segundo o professor Adaucto Fernandes, autor de A Gramática Tupi e de Povos Indígenas do Brasil, considerado um dos mais competentes estudiosos das línguas indígenas do Brasil.
Sobrevive em Sergipe o topônimo ARAUÁ, que designa município do sul do Estado. Antonio Houaiss no seu Dicionário da língua Portuguesa (2001) define os arauás como indígena pertencente a qualquer dos grupos arauás; grupos indígenas cujas línguas pertencem à família lingüística arauá; grupo indígena, hoje considerado extinto. Também grafado ARAWÁ. Nos velhos dicionários são citados, também, os índios ARACAJUS. Tais casos, de recorrência à línguas mortas, chamam a atenção para a falta de uma regra etimológica capaz de sanar todas as dúvidas que ainda persistem entre os pesquisadores e historiadores sergipanos.
Na língua Tupi, ou Neengatu ( língua geral), a mais falada na costa brasileira quando dos descobrimentos, sobreviveram vários prefixos e muitas palavras que guardam semelhança com línguas cultas de outros tempos, como o Sânscrito e o Grego. O prefixo ARA, por exemplo, tem a mesma etimologia primária em Tupi e em Sãnscrito, significando Dia, Tempo, Mundo, enquanto ARÁ, ORÓ, do Tupi, quer dizer Colina no idioma grego, segundo o professor Adaucto Fernandes, autor de A Gramática Tupi e de Povos Indígenas do Brasil, considerado um dos mais competentes estudiosos das línguas indígenas do Brasil.
Sobrevive em Sergipe o topônimo ARAUÁ, que designa município do sul do Estado. Antonio Houaiss no seu Dicionário da língua Portuguesa (2001) define os arauás como indígena pertencente a qualquer dos grupos arauás; grupos indígenas cujas línguas pertencem à família lingüística arauá; grupo indígena, hoje considerado extinto. Também grafado ARAWÁ. Nos velhos dicionários são citados, também, os índios ARACAJUS. Tais casos, de recorrência à línguas mortas, chamam a atenção para a falta de uma regra etimológica capaz de sanar todas as dúvidas que ainda persistem entre os pesquisadores e historiadores sergipanos.
Desconsiderando a relação ampla e dinâmica entre as nações indígenas e a
toponímia, são conservados conceitos lúdicos, cristalizados pelo
uso,como é o caso de ARACAJU como “Cajueiro dos Papagaios,”espécie de
tradução oficial e única, que despreza tudo o mais que os estudos
produziram, a partir da obra de Adaucto Fernandes, autor nascido e
criado na região amazônica, respeitado pelo domínio de línguas indígenas
do norte do Brasil. É certo que dois autores, um da Bahia – Teodoro
Sampaio – e outro de Sergipe – Armindo Guaraná – deixaram contribuições
merecedoras do aplauso público, no entanto são muitas as lacunas e
diversas opiniões forçadas, sem amparo da pesquisa no universo das
línguas e dialetos, em grande número, incluindo a ausência de
comparações vocabulares com velhos idiomas, descartados.
O que ocorre com Aracaju não é coisa única. O vocábulo SERGIPE,que dá
nome ao território situado entre os rios São Francisco e Real, passa
pela mesma crítica ao ser identificado, etimologicamente, como “rio dos
siris,” pelo tupi siri-i-pe. Bastaria perguntar se a Ilha, na região da
Baia da Guanabara, onde estiveram os franceses no século XVI, antes da
catequese de 1575 e da conquista de 1590, também poderia ter recebido o
nome de Sergipe por ser “rio dos siris.” Na Bahia, onde foi montado o
Engenho de Mem de Sá, mais tarde do Conde de Linhares, o rio Sergipe
também seria “rio dos siris?” Por que, então, o rio Sergipe que traz as
suas e outras águas para jogar no mar, em Aracaju, é o “rio dos siris?
Assim como a letra, quilométrica e pouco poética, do Hino de Sergipe
tem sido questionada, circulando algumas idéias de revisão textual, para
tornar mais próximo do povo o símbolo que marca, desde 1836, a
emancipação política de Sergipe, cogitou-se, também, reexaminar, pela
ótica da heráldica, a Bandeira de Sergipe, pano simbólico que desde as
façanhas comerciais de Bastos Coelho, vendendo sal sergipano ao Brasil,
tremula como representação da unidade territorial, representada pelas
estrelas, aludindo a barras dos rios que banham as terras sergipanas. O
assunto está em aberto, merecendo exame claro e definitivo, corrigindo o
que por erro ou por outro motivo chegou disforme, impreciso, ao
conhecimento das novas gerações de sergipanos.
São Cristóvão, tornada Monumento Patrimônio da Humanidade recentemente,
deve rever seus conceitos, para bem fazer as honras da posição
conquistadas junto a UNESCO. Não foi, certamente, pela divulgação da
velha capital de Sergipe como sendo a “quarta cidade mais antiga do
Brasil”que São Cristóvão galgou tão importante e seleto lugar. São
Cristóvão tem, de verdade, méritos diversos e únicos a uma cidade
brasileira, fundada sob o domínio espanhol, que agenciou três belos
Largos, postos à disposição dos olhos mais exigentes. Hoje, graças aos
esforços locais de Tiago Fragata, e da presença de Aglaé Fontes como
Secretária Municipal de Cultura, São Cristóvão fará, com certeza, o
esforço para conservar o título conquistado
Nenhum comentário:
Postar um comentário