O GABINETE DE LEITURA DE MARUIM E A PROPAGANDA REPUBLICANA
EM SERGIPE
Adailton Andrade, Historiador
A propaganda
republicana ganhou importância em Laranjeiras, Estância e em Maruim, nos
pequenos jornais, graças a uma somação de fatos favoráveis, a saber: a presença
do médico Domingos Guedes Cabral clinicando, e sua substituição por Felisbelo
Freire; a pregação dos missionários norte-americanos, presbiterianos, e a consequente criação da Igreja protestante, em 1884; a condição de maçons, de
alguns dos “rebeldes” listados por Baltazar Góes em sua “A República em
Sergipe”. Ainda que em Estância, em Vila Nova (Neópolis), em Maruim a República
tenha inspirado alguns engajamentos, por
existi naquela época o maior centro da
efervescência do pensamento Liberal e republicano da região Gabinete de Leitura, mas foi em Laranjeiras sem dúvida, que o movimento ganhou densidade e
liderança, promovendo a organização política para a transição de 1889.
A presença do médico Domingos Guedes Cabral
clinicando, e sua substituição por Felisbelo Freire; a pregação dos
missionários norte-americanos, presbiterianos, e a consequente criação da
Igreja protestante, em 1884; a condição de maçons, de alguns dos “rebeldes”
listados por Baltazar Góes em sua A República em Sergipe.
Em Maruim o médico Guedes Cabral foi orador do Gabinete
de Leitura por sete anos ,
difundido suas ideias que foram tem sido uma unanimidade da
crítica, tanto pela posição contestadora na Faculdade de Medicina da Bahia,
nesses sete anos de intensa atividade, agitando toda a zona da Cotinguiba com
suas ideias livres, que soavam como novidades diante do magistério moral da
Igreja católica, presente desde os primeiros tempos da colonização.
O Gabinete de Leitura de Maruim
teve como mentor o cônsul Otto Schramm. As cartas de sua tia Adolphine revelam
que em 1860, já possuía em sua residência um rico acervo, que possivelmente,
todo ou parcialmente, fora transferido para a biblioteca do Gabinete. Estamos
tratando de um espaço de sociabilidade, com um vasto capital cultural, não só
para Maruim, mas de referência em Sergipe; tanto enquanto Província do Império,
como em Estado da Federação, haja vista a importância deste espaço em ocasião
dos acalorados debates liberais republicanos.
Segundo as pesquisas e estudos
dos Gabinetes de Leituras em
Sergipe o historiador Dênio Azevedo tem nos
apresentado a fundo a história do Gabinete de Leitura Maruim em 1877, uma instituição privada,
veiculadora dos ideais liberais, abolicionistas e republicanos, representavam “ um
bando de ideias novas”, que no dizer de Silvio Romero agitava a juventude
reunida em Pernambuco, em torno de figuras como Tobias Barreto, professor da
Faculdade de Direito e líder do movimento intelectual que ficou conhecido como
Escola do Recife.
Os liberais republicanos queriam
criar uma identidade e a maneira escolhida para tal foi a de criticar a
organização política, econômica e cultural do Império A crença de que era
possível construir uma imagem de progresso, levar Sergipe rumo à civilização, com
os ideais liberais e republicanos que marcavam a realidade nacional neste
momento da criação do Gabinete de Leitura de Maruim e participar ativamente no
processo de construção desta identidade são os principais fatores que
incentivaram a participação desses agentes em instituições culturais como o do Gabinete de Leitura de Maruim. Silvio Romero,
Manuel Curvelo de Mendonça, Josino Menezes, Moreira Guimarães, Lima Junior e
tantos outros escreviam em jornais em Estância, Laranjeiras Capela
e Maruim esse ideias
como também as tribunas dos
Gabinetes eram usadas para difundirem essas ideias;
Gurdes Cabral como orador do
Gabinete difundir suas ideias Liberais e
Republicanos, já com relação à necessidade de democratização da cultura,
almejavam ampliar a ação instrutiva para os grupos economicamente menos
favorecidos da sociedade, fundando escolas, franqueando ao público uma
Biblioteca, promovendo conferências literárias e científicas, colóquios,
festejos no período de aniversário das instituições, e os saraus.
Todos os que historiam a propaganda
republicana em Sergipe, especialmente em Laranjeiras, e em Maruim afirmam,
convictos, a contribuição de Guedes Cabral sem a qual os fatos não teriam os
desdobramentos que tiveram. O padre Filadelfo Jônatas de Oliveira, que foi por
longo período o vigário de Laranjeiras, atribuía a posição de Guedes Cabral à
tuberculose, doença que forçaria seu retorno para a Bahia, em 1882 e sua morte,
em janeiro de 1883. Poucas vezes alguém influiu tanto uma geração, quanto o
médico baiano em Laranjeiras e no Gabinete de Leitura de Maruim como orador oficial.
Domingos Guedes Cabral fazia várias conferencias
na tribuna do Gabinete de Leitura de Maruim, todas versando sobre temas filosóficos , e pela palavra solicitude
revelada sobre no exercício profissional, profissional do olhos
dos ideias liberais e
republicanos com ênfase na libertação
dos escravos. O Gabinete se torna um quartel general, de difusão dessas
ideias sem esquecer dos pilares
maçônicos , onde se observa em suas
atas que todos os presidentes e oradores
do Gabinete tinham iniciação maçônica .
Em 1870, surgiu o Manifesto Republicano, revelação da inquietação de
muitos espíritos, figuras representativas da intelectualidade sergipana com sua
rebeldia e descontentamento ao
regime Imperial já
falido e ultrapassado. Surgiram assim, dentro do Gabinete
de Leitura os arautos da propaganda libertadora, Maruim com seus jornais, suas
tipografias anunciavam essas ideias
novas que pregava o fim da
escravidão e a derrubada
do império. Foram sete anos de intensa atividade, agitando toda a zona da Cotinguiba
com suas idéias livres, que soavam como novidades diante do magistério moral da
Igreja católica, presente desde os primeiros tempos da colonização.
O Gabinete de Leitura de Maruim surge enquanto
lugar da sociabilidade, uma esfera pública aonde, atrelada a outras
instituições liberais e republicanas, no Brasil. Ressaltamos que na tribuna do
Gabinete passaram grandes conferencistas como, Tobias Barreto, Silvio Romero,
Fausto Cardoso, Gumercindo Bessa, Felisbelo Freire, Homero de Oliveira, como
também ressaltamos e tantos outros.
Mais do que repassar as diversas
fases da evolução das lutas democráticas no Brasil e em Sergipe, contrariando a
Baltazar Góes, para quem a propaganda republicana começou em Sergipe apenas em
1887, Manoel Curvelo de Mendonça defende as condições da Província para
estabelecer os frutos da República, destacando Laranjeiras, Estância e Maruim
pelas condições econômicas e culturais como o cenário mais adequado para sediar
o movimento.
O
Gabinete de Leitura foi palco
e cenários da construção republicana
em Sergipe, viva a república,
viva o Gabinete de leitura seus
liberais e republicanos.
A Adesão da Câmara de Maruim e do
povo Maruinense aos ideias republicano, em 21 de novembro de 1889, saiu um abaixo assinado
na Câmara de Maruim fruto de uma
reunião solene foi
deliberado aceitar a forma republicana proclamada pelo movimento
revolucionário feito pelo povo daquela cidade do Rio de janeiro
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Adailton
Andrade é historiador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, membro
do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras e
faz parte da Academia Sancristovense de Letras e Artes.