SERGIPE, 194 ANOS
DA EMANCIPAÇÃO.
Adailton Andrade
Em
8 de Julho de 1820, D. João VI, segundo
alguns historiadores, se sentia grato com a participação da elite
sergipana no processo de expansão da revolução pernambucana de 1817, decretava
Sergipe independente da Bahia e nomeava Carlos César Burlamaqui para ser seu primeiro governante. Mas a Bahia
não aceitou tão fácil assim tomando outras medidas prendendo
o senhor Burlamaqui. D. Pedro I, que assumiu depois da abdicação
de seu pai e proclamou a independência do Brasil, confirmou, por Carta
Imperial, em 5 de dezembro de 1822 a Carta Régia de D. João VI, concedendo a
autonomia de Sergipe.
O 8 de julho, data considerada o dia da
Sergipanidade, por ser a data em que Sergipe conquistou sua emancipação
política da Bahia. A data é marcada todos os anos, por diversas comemorações
que envolvem o fazer cultural sergipano e a valorização do seu povo, nessa
data, Sergipe comemorará 194 anos de emancipação política, mas oficialmente o
dia da Sergipanidade ficou mesmo com a
outra data que antes também se comemorava o dia e emancipação do estado o então
24 de outubro.
Uma data que agora tem outro sentido, comemoramos o
dia do sentimento, do orgulho de ser sergipano, esse termo sergipanidade foi
usado primeiramente por Tobias Barreto, mas somente nas últimas duas décadas
que a Sergipanidade começou a ser tratada como um conceito cultural, capaz de
inspirar artistas, escritores, pensadores, qualificando compromisso das
manifestações da cultura sergipana.
A Carta
Régia que desanexou da Capitania da Bahia o território de Sergipe,
emancipando-o politicamente, completa 194 anos, e é, ainda, uma referência, um
marco, para a compreensão da história. Por mais que os episódios gerados pela
decisão de Dom João VI ainda careçam de melhor interpretação, o 8 de julho de
1820 tem sido convertido no símbolo da liberdade, da independência, da
autonomia econômica, da construção da sociedade sergipana.
Muitos Historiadores compreende que a Emancipação
política de Sergipe resultou de uma luta madura, empreendida pela elite
produtora local - criadores de gado e senhores de engenho – até então
responsáveis pelo abastecimento das grandes Capitanias da Bahia e de
Pernambuco.
Mas, antes da emancipação politica tivemos a
emancipação jurídica com e criação de suas ouvidorias em terras sergipanas.
Sergipe conquista
sua autonomia jurídica em 1696 com a criação da comarca de Sergipe, sendo Diogo
Pacheco de Carvalho nomeado como primeiro ouvidor, e logo no ano seguinte em
1697, o governador-geral do Brasil ordenou ao ouvidor-geral de Sergipe, Diogo Pacheco de
Carvalho, a criação de vilas nas povoações de Itabaiana e Lagarto, e outra no
Porto da Cotinguiba. Naquele mesmo ano, a Câmara de São Cristóvão instala a
sede da Vila de Santo Amaro, em homenagem ao fundador Amaro Aires da Rocha, no
Porto da Cotinguiba. Contudo, Martins de Azevedo não queria a vila no porto.
Além de prejudicar seu engenho, a localidade sofria com as inundações.
O desenvolvimento
da capitania de Sergipe tendo seus moldes dentro de uma politica mercantilista
Filipina tem o objetivo de levar grandes lucros ao tesouro Real.
A
agricultura e a pecuária foi o que mais
desenvolveu no inicio da colonização e com a doação das sesmarias
inicia-se o desenvolvimento da capitania. Em 1694 a câmara de São Cristóvão já
solicitava um ouvidor, mas isso só acontece dois anos mais tarde. Sendo assim,
a Capitania de Sergipe D’el Rey passou a ter, por definitivo, seu ouvidor começando uma disputa dos ouvidores pela casa
sempre quando saia um Ouvidor.
A
reação da Bahia, rejeitando os fatos, criando obstáculos, gerando conflitos,
bem demonstra a tutela, para adiar a decisão do Rei. As circunstâncias da
Independência do Brasil serviram para que a decisão da Carta Régia de 8 de
julho de 1820 fosse confirmada e referendada por Pedro I, que chegou a elevar,
novamente, São Cristóvão à condição de cidade, para ser a capital de Sergipe. A
Constituição do Império, que é de 1824, colocou Sergipe entre as Províncias do
Brasil, consolidando a Emancipação de 8 de julho de 1820.
O Conselho Geral e o Conselho da Província expõem,
em suas sessões, os problemas e demandas. Sergipe, então, é um território
produtor de gado e de açúcar, com outras atividades econômicas de menor porte,
dando os primeiros passos para organizar-se politicamente. Surgem os primeiros
grupamentos políticos, começam a circular os jornais, como se fossem
preparativos para o que viria com o Ato Adicional de 1834 e suas conseqüências,
como a instalação da Assembléia Legislativa Provincial, vitrine que mostrava a
expansão política da Província. A partir de 1836, ou em torno desta data,
aparece o civismo sergipano em torno da Emancipação. O poeta e professor
Oliveira Campos faz a letra do Hino de Sergipe, musicado pelo frade José de
Santa Cecília, durante muitos anos residente no Convento Franciscano de São
Cristóvão. O dia 24 de outubro, considerado como a data definitiva da
Emancipação, passa a simbolizar a liberdade, como um feriado que enchia as ruas
de sergipanos em festa, mostrando o que de melhor tinha para celebrar Sergipe.
O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe,
fundado em 1912, a Academia Sergipana de Letras, em 1929, que ainda hoje
resistem, dentre tantas outras iniciativas no curso do tempo. Essas duas casas
estão com uma programação especiais nessas datas de grande importância para
Sergipe, este ano o IHGSE, estará com um evento todo especial para comemorar
essa data, pois serão abordadas questões importantes, como: história, memória e
esquecimento da emancipação de Sergipe, formação da identidade sergipana,
dentre outras.
A emancipação
política de Sergipe fez nascer e crescer vilas e cidades, ocupando
estrategicamente o território, como suporte das atividades econômicas. A
crescente produção açucareira nas terras pretas e gordas do massapê fez de
Laranjeiras e de Maruim dois centros urbanos destacados na Província, para onde
convergiam as atenções. Estância ao sul, Vila Nova, hoje Neópolis, e Propriá,
ao norte, Itabaiana e Lagarto, ao oeste, juntamente com a capital, São
Cristóvão, davam a Sergipe os ares do progresso.
8 de julho de
2014, Sergipe tem o orgulho de completar seus 193 anos de muita cultura história e memoria de um povo ordeiro e feliz