O CENTENÁRIO DE LUIZ GARCIA
Luis Antonio Barreto
A biografia centenária de Luiz Garcia é rica, tanto no jornalismo, como na advocacia, como na política...
A
biografia centenária de Luiz Garcia é rica, tanto no jornalismo, como
na advocacia, como na política. O Correio de Aracaju foi sua grande
tribuna diária, com artigos de fundo, emitindo opiniões que
representavam o grupamento político ao qual pertencia, ao lado de Seixas
Dória, Carvalho Deda, sob a liderança carismática de Leandro Maciel.
Seu cunhado Junot Silveira e seu filho Gilton Garcia deram, também,
contribuição significativa ao jornal udenista.
No exercício da advocacia, precedido de
experiência como Promotor, atuou em Sergipe e no Rio de Janeiro, onde
também era advogado o seu irmão Carlos Garcia, no grande e tradicional
Escritório do Dr. Hernani Cidade. Advogado no Inventário de D. Adélia
Franco, e de outras figuras importantes de Sergipe, Luiz Garcia
conciliou as atividades forenses com os mandatos políticos, desde o de
Deputado Estadual Constituinte em 1935, quando da elaboração da
Constituição do Estado e da eleição, indireta, do Governador
Constitucional Eronídes Ferreira de Carvalho.
Na política ingressou aos 24 anos,
participando da fundação do primeiro PSD – Partido Social Democrático,
juntamente com Leandro Maciel que seria, na UDN – União Democrática
Nacional, seu líder e parceiro de muitas campanhas. Depois da passagem
pela Assembléia, aguardou que a redemocratização do Brasil reabrisse o
espaço eleitoral, candidatando-se a Governador, enfrentando a José
Rollemberg Leite, dos quadros do PSD – Partido Social Democrático,
chefiado por Leite Neto, coligado com o PR – Partido Republicano, que
tinha como principais líderes Júlio Leite e Armando Rollemberg.
Luiz Garcia perdeu a eleição para o
Governo do Estado, mas adiante foi eleito Deputado Federal e substituiu a
Leandro Maciel, em 1958, como Governador. A renúncia em 1962, para
concorrer ao Senado, fez declinar a carreira política, embora durante o
período dos Governos dos militares, quando ele optou por filiar-se, com
Leandro Maciel, a ARENA – Aliança Renovadora Nacional, elegendo-se
Deputado Federal mais duas vezes e tentando, sem sucesso, na eleição de
1978. Sua participação no plenário da Câmara dos Deputados consagrou sua
oratória, suas posições, sua conduta, merecendo elogios de
correligionários e adversários, como são testemunhos os Anais daquela Casa.
Afastado da política, deixou aflorar o
intelectual, nas sessões da Academia Sergipana de Letras, ilustrando o
sodalício com sua palavra fácil, suas observações produzidas pela longa
experiência, no Estado e fora dele, sendo, por isto mesmo, uma das mais
respeitadas e admiradas presenças nas reuniões das segundas feiras,
presididas pelo irmão e grande colaborador do seu Governo Antonio Garcia
Filho.
Morrendo antes de completar 91 anos,
Luiz Garcia deixou em Sergipe um sentimento de perda, que ainda
repercute. Ele revive, contudo, evocado pelos sergipanos que conheceram
as suas qualidades e os seus trabalhos, como é lembrado pelo acervo de
obras e de providências que deram ao seu período de Governo uma
qualidade como poucas, no curso da história republicana. O pioneirismo
de algumas ações jamais foram superadas, mas, ao contrário, continuam
servindo ao Estado e ao povo sergipanos, como o IPES, o BANESE, a
ENERGIPE (hoje ENERGISA), O Hotel Pálace de Aracaju, a Estação de
Passageiros do Aeroporto Santa Maria, o Centro de Reabilitação Ninota
Garcia, a Faculdade de Medicina, a Estação Rodoviária, que leva o seu
nome, dentre outras e serviços que modernizaram Aracaju e que formam um
legado insofismável às administrações.