FOLCLORE EM
SERGIPE
Sergipe
guarda em sua história e tradição muito das culturas portuguesa e negra e um
dos mais ricos folclores do Brasil. São inúmeras as manifestações culturais que
nos remetem ao passado e garantem, no presente, uma permanente interação entre
as mais diversas comunidades responsáveis pela continuidade do nosso folclore.
A seguir, você fará uma viagem pelo que há de mais belo na cultura popular
sergipana.
Cacumbi
Não se
sabe ao certo a origem do Cacumbi, acredita-se que é uma variação de outros
autos e bailados como Congada, Guerreiro, Reisado e Cucumbi.O grupo
apresenta-se na Procissão de Bom Jesus dos Navegantes e no Dia de Reis, quando
a dança é realizada em homenagem a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.
Pela manhã, os integrantes do grupo assistem à missa na igreja, onde cantam e
dançam em homenagem aos santos padroeiros. Depois das louvações, o grupo sai às
ruas cantando músicas profanas e, à tarde, acompanham a procissão pelas ruas da
cidade. Seus personagens são o Mestre, o Contra-Mestre e os dançadores e
cantadores; o grupo é composto exclusivamente por homens. Os componentes vestem
calça branca, camisa amarela e chapéus enfeitados com fitas, espelhos e laços.
Só o Mestre e o Contra-Mestre usam camisas azuis. O ritmo é forte, o som
marcante e o apito coordena a mudança dos passos. Os instrumentos que
acompanham o grupo são: cuíca, pandeiro, reco-reco, caixa e ganzá. Em Sergipe,
o Cacumbi é encontrado nos municípios de Lagarto, Japaratuba, Riachuelo e
Laranjeiras.
Cangaceiros
Em
1960, Azulão, um dos homens de Lampião, formou um grupo composto de 17 homens e
2 mulheres (representando Maria Bonita e Dadá), vestidos de cangaceiros e, com
eles saiu cantando e dançando em ritmo de forró pelas ruas de Lagarto; costume
vivo até hoje, revivendo as estórias e histórias de Lampião cantadas e
decantadas em prosa e verso. O grupo tem como indumentária chapéus de couro
enfeitados, camisas de mangas longas com divisas nos ombros, jabiracas
coloridas ou lenço no pescoço, cartucheiras, espingardas e sandálias de couro
grosso. Em Sergipe, a manifestação permanece viva nos municípios de Lagarto e
Própria.
Chegança
Dança
que representa em sua evolução a luta dos cristãos pelo batismo dos Mouros. A
apresentação sempre acontece na porta de igrejas, onde uma embarcação de
madeira é montada pa ra o desenvolvimento das jornadas. A predominância é do
azul e do branco. O padre, o rei e os Mouros (personagens da Chegança),
utilizam outras tonalidades. O pandeiro é o principal instrumento de
acompanhamento, eles utilizam também apitos e espadas. Bastante teatral, a
apresentação completa da Chegança demora, geralmente, 60 minutos. A influência do Samba em Sergipe. O samba é
um gênero musical e tipo de dança popular brasileira cuja origem remonta à
África. Os negros escravos que chegaram a Sergipe no início do século 17
trouxeram uma bagagem cultural muita significativa, com ritmos e cânticos que
aos poucos foram sendo assimilados pelos portugueses e brasileiros. Essa
mistura de culturas produziu um tipo de samba, marcado por batidas suaves e
sincopadas. Sergipe é responsável pela
absorção do samba em outras manifestações folclóricas, existentes até hoje. Em
várias partes do Estado, mas principalmente no Litoral Sul, grupos folclóricos
como Batucada, Samba de Coco e Pisa Pólvora, são exemplos vivos da raiz mais
pura do Samba.
Guerreiro
Auto
natalino, que carrega marcas do Reisado. Sobre as origens conta a lenda popular
que uma rainha, em um passeio acompanhada de sua criada de nome Lira e dos
guardas (Vassalos), conhece a apaixona-se por um índio chamado Peri. Para não
ser denunciada, manda matar Lira. Mesmo assim, o rei toma conhecimento do fato
e, na luta contra o índio Peri, morre. A dança é composta de jornadas - uma
sequência de cantos e danças -, que são apresentadas de acordo com os
personagens de cada grupo, sendo um dos pontos culminantes a luta de espadas,
travada entre o Mestre e o índio Peri. Os principais personagens do Guerreiro,
além do Mestre – que comanda as apresentações -, e do índio Peri, são: o
Embaixador, a Rainha, Lira, o Palhaço e os Vassalos. Os instrumentos que
acompanham o grupo são sanfona, pandeiro, triângulo e tambor. Destacam-se os
trajes coloridos e ricamente enfeitados.
Lambe
Sujo e Caboclinho
São
dois grupos folclóricos unidos num folguedo que se baseia no episódio da destruição
dos quilombos. O grupo dos Lambe-Sujos é formado por meninos e homens
totalmente pintados de preto, usando uma mistura de tinta preta e melaço de
cana-de-açúcar para ficar com a pele brilhosa. Eles usam short e um gorro de
flanela vermelha. Nas mãos, uma foice, símbolo de luta pela liberdade. Fazem
parte do grupo o Rei”, a Rainha e a “Mãe Suzana”, representando uma escrava
negra. Após uma alvorada festiva, os Lambe-Sujos saem às ruas, acompanhados por
pandeiros, cuícas, reco-recos e tamborins, roubando diversos objetos de pessoas
da comunidade que são guardados no “mocambo”, armado em praça pública. A
devolução dos objetos é feita mediante contribuição em dinheiro pelo proprietário
do objeto roubado. Junto com os Lambe-Sujos se apresentam os Caboclinhos, que
pintam o corpo de roxo-terra e usam indumentária indígena: enfeites de penas,
cocar e flecha nas mãos.A brincadeira consiste na captura a rainha dos
Caboclinhos pelos Lambe-Sujos, que fica aprisionada. À tarde, há a tradicional
“batalha” pela libertação da rainha, da qual os Caboclinhos saem vitoriosos. O
grupo musical que acompanha o folguedo é composto por ganzás, pandeiros,
cuícas, tambores e reco-recos. Hoje, a "Festa de Lambe-Sujo", como é
conhecida, tornou-se uma das mais importantes da cidade de Laranjeiras,
acontecendo sempre no segundo domingo de outubro.
Maracatu
O
Maracatu originou-se da coroação dos Reis do Congo. Não sendo propriamente um
auto, não tem um enredo ordenado para sua exibição. Integram ao cortejo real,
lembrança da célebre rainha africana Ginga de Matamba, o Rei, a Rainha, o
Príncipe e a Princesa, Ministros, Conselheiros, Vassalos, Lanceiros, a
Porta-bandeira, Soldados, Baianas e tocadores. E as “Calungas”, bonecos
representando Oxum e Xangô. Em geral o cortejo é formado por integrantes
negros. Vestidos de cores extravagantes, os participantes do cortejo seguem
pelas ruas da cidade cantando e saracoteando, entre umbigadas, cumprimentos e
marchas. Não existe uma coreografia especial. Algumas das cantigas são
proferidas numa presumível língua africana, tambor, chocalho e gonguê são os
instrumentos musicais que acompanham o cortejo. Tendo o Maracatu perdido a
tradição sagrada, hoje, é considerado um grupo carnavalesco, de brincadeira s
de rua, que, em Sergipe, é encontrado nos municípios de Brejo Grande e
Japaratuba.
Parafusos
Conta-se
que no tempo da escravidão, os escravos negros fugitivos saíram à noite para
roubar as anáguas das sinhazinhas deixadas no quaradouro. Cobrindo todo corpo até
o pescoço, sobrepondo peça por peça, nas noites de lua cheia saíram pelas ruas
dando pulos e rodopiando em busca da liberdade. A superstição da época
contribuiu para que os senhores ficavam apavorados com tal assombração -
acreditando em almas sem cabeça e outras visagens - e não ousavam sair de casa.
Após a libertação, os negros saíram pelas ruas vestidos do jeito como faziam
para fugir dos seus donos. Nasceram assim os parafusos. Trajando uma seqüência
de anáguas, cantarolando, pulando em movimentos torcidos e retorcidos, um grupo
exclusivamente de homens – representando os escravos negros – formam o grupo
folclórico “Parafuso” da cidade de Lagarto. Os instrumentos que acompanham o
grupo são triângulo, acordeom e bombo.
Reisado
O
Reisado, de origem ibérica, se instalou em Sergipe no período colonial. É uma
dança do período natalino em comemoração do nascimento do menino Jesus e em
homenagem dos Reis Magos. Antigamente era dançado às vésperas do Dia de Reis,
estendendo-se até fevereiro para o ritual do “enterro do boi”. Atualmente, o
Reisado é dançado, também, em outros eventos e em qualquer época do ano. A
cantoria começa com o deslocamento do grupo para um local previamente
determinado, onde é cantado “O Benedito”, em louvor a Deus, para que a
brincadeira seja abençoada e autorizada. A partir daí, começam as “jornadas”. O
enredo é formado pelos mais diversos motivos: amor, guerra, religião, história
local, etc., apresentado em tom satírico e humorístico, originando um clima de brincadeira.
O Reisado é formado por dois cordões que disputam a simpatia da plateia e são liderados pelas personagens centrais: o “Caboclo” ou “Mateus” e a “Dona Deusa” ou “Dona do Baile”. Também se destaca a figura do “Boi”, cuja aparição representa o ponto alto da dança. Os instrumentos que acompanham o grupo são violão, sanfona, pandeiro, zabumba, triângulo e ganzá. O Reisado tem como característica o uso de trajes de cores fortes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e espelhinhos.
O Reisado é formado por dois cordões que disputam a simpatia da plateia e são liderados pelas personagens centrais: o “Caboclo” ou “Mateus” e a “Dona Deusa” ou “Dona do Baile”. Também se destaca a figura do “Boi”, cuja aparição representa o ponto alto da dança. Os instrumentos que acompanham o grupo são violão, sanfona, pandeiro, zabumba, triângulo e ganzá. O Reisado tem como característica o uso de trajes de cores fortes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e espelhinhos.
São Gonçalo
Dança
em homenagem a São Gonçalo do Amarante, que segundo a lenda, teria sido um
marinheiro que tirou muitas mulheres da prostituição, através da música alegre
que fazia com a viola. A dança é acompanhada por violões, pulés (instrumentos
feitos de bambu), e caixa. A caixa é tocada pelo "patrão" - homem
vestido de marinheiro, como alusão a São Gonçalo do Amarante. O grupo dança em
festas religiosas e pagamento de promessas. É composto em suas maioria por
trabalhadores rurais, que se vestem de mulher, representando as prostitutas. Um
dos grupos mais apreciados pela singeleza da dança e da música.
Apesar
de louvar um Santo católico, a dança lembra movimentos de rituais afro. Mais
uma vez isso fica comprovado também na letra das músicas. Um dos versos mais
conhecidos do São Gonçalo diz: “Vosso reis pediu uma dança, é de ponta de pé, é
de ‘calcanhá’. Onde mora vosso reis de Congo... Os movimentos muito sensuais
parecem mais um jogo de conquista, já que os dançadores representam prostitutas
que São Gonçalo recuperou através da dança. Não é à toa que os homens se vestem
com saias, fitas coloridas e colares. Tudo isso serve para simbolizar as
prostitutas.
A
religiosidade do grupo é visível. Assim que começa a brincadeira eles fazem o
sinal da cruz. Quando termina também. Para acompanhar o gesto, os brincantes
cantam: “Nas horas de Deus amém. Padre, Filho, Espírito Santo. Essa primeira
cantiga que pra São Gonçalo eu canto”. São
Gonçalo morreu em 1262 e foi canonizado somente em 1561. O rei de Portugal Dom
João III, um grande devoto, foi um dos primeiros a empenhar-se para a
beatificação do Santo em Roma. Em Portugal a sua festa é realizada em Amarante,
no dia 7 de Junho.
Taieira
Grupo
de forte característica religiosa tendo por objetivo a louvação a São Benedito
e a Nossa Sra. do Rosário, ambos padroeiros dos negros no Brasil. É da imagem
dessa santa que se retira a coroa para colocar na cabeça da "Rainhas das
Taieiras" ou "Rainha do Congo". Durante a missa na Igreja de São
Benedito, em Laranjeiras, as Taieiras, grupo de influência afro, participa
efetivamente do ritual cristão numa demonstração clara do sincretismo
religiosos entre a Igreja Católica e os rituais afro-brasileiros. O momento da
coroação é o ápice da festa que se realiza sempre no dia 06 de janeiro, nessa
igreja. Tocando quexerés (instrumentos de percussão) e tambores, as Taieiras,
trajando blusa vermelha cortada por fitas e saia branca, seguem pelas ruas
cantando cantigas religiosas ou não. Este evento é definido como uma das mais
claras demonstrações de sincretismo, com santos e rainhas, procissões e danças
misturados num mesmo momento de celebração.
Cacumbi
Dança realizada em homenagem aos padroeiros dos negros, São Benedito e N. Sra. do Rosário. Composto exclusivamente por homens, o Cacumbi traça uma perfeita arrumação de seus componentes no contorno e no ritmo. A festa é rítmica, o som é marcante e o apito coordena a mudança dos passos. Chapéus enfeitados por fitas e espelhos, cores vivas e muita alegria marcam o espetáculo.
Dança realizada em homenagem aos padroeiros dos negros, São Benedito e N. Sra. do Rosário. Composto exclusivamente por homens, o Cacumbi traça uma perfeita arrumação de seus componentes no contorno e no ritmo. A festa é rítmica, o som é marcante e o apito coordena a mudança dos passos. Chapéus enfeitados por fitas e espelhos, cores vivas e muita alegria marcam o espetáculo.
Zabumba
Zabumba
é o nome popular do “bombo”, um instrumento de percussão. O termo, também, é
usado para denominar o conjunto musical composta por quatro integrantes, todos
do sexo masculino, conhecido como “Banda de Pífanos”. Em Sergipe, as
apresentações da Zabumba acontecem em rituais de pagamento de promessas, datas
comemorativas, festas religiosas e festivais de cultura popular.
Costume
e tradição do município de Carmópolis. Os Bacamarteiros comemoram a noite de
São João (24 de junho) com dança, música e muitos tiros de bacamarte (espécie
de rifle artesanal). O grupo é composto por mais de 60 participantes, entre
homens e mulheres. As mulheres trajam chapéu de palha e vestido de chita,
dançam sempre em círculo, enquanto os homens, que ficam atrás, vão disparando
tiros de bacamarte, de acordo com o desenrolar da dança.
Batucada
Manifestação
folclórica bastante difundida no município de Estância. Os instrumentos de percussão
- tambor, reco-reco, ganzá e triângulo - e o compasso rítmico das batidas dos
pés são as características mais marcantes. A Batucada é composta de 100 a 150
figurantes, homens e mulheres, que vestem indumentárias típicas do ciclo
junino. Na cabeça, todos usam chapéus de palha e nos pés tamancos de madeira.
Samba de
Coco
Uma
dança acompanhada de cânticos, a origem é africana, mas com forte influência
indígena. A marcação do ritmo é forte, feita através dos sapateados e das
palmas. Sua origem africana está ligada intimamente à formação dos quilombos.
Os negros que fugiam das senzalas se reuniam em locais distantes - quilombos, e
para passar o tempo ocioso cantavam enquanto praticavam o ritual da quebra do
coco, retirando a “coconha” (amêndoa), para o preparo dos alimentos. No Samba
de Coco, o tirador do coco, também chamado de coqueiro, é quem puxa os versos,
que são respondidos pelo coro dos participantes. Os versos podem ser
tradicionais e improvisados e aparecem nas mais variadas formas, quadras,
sextilhas, décimas, etc. No Samba de Coco o canto é marcado pelos instrumentos
de percussão: cuícas, pandeiros, ganzás, bombos, tambores, chocalhos, maracas e
zabumbas que acompanham a sanfona. Enquanto dançam, sapateando e pisando forte
no chão, os participantes batem palmas e cantam, girando sem parar,
desenvolvendo passos e requebros. A indumentária é simples. As mulheres usam
vestidos estampados, com saias rodadas e cinturas marcadas, e os homens, calças
comuns e camisas identicamente estampadas. Nos pés, usam tamancos de madeira
que ajudam a sonorizar o ato da pisada no chão.
Sarandaia
A
Sarandaia, realizada em Capela, é a junção de dois grupos folclóricos: Zabumba
e Bacamarteiros. No dia 31 de maio, à meia-noite, eles saem às ruas pedindo brindes
para ajudar a compor o mastro. O cortejo invade a noite com muita gente
dançando ao ritmo da zabumba e os estouros dos bacamartes.
Um
ritual, uma dança folclórica, muito parecida com a Batucada, ambas
manifestações populares com forte expressividade no município de Estância. A
finalidade maior do Pisa-Pólvora é preparar a pólvora para as sensacionais
batalhas de busca-pés e para os barcos de fogo, abrindo os festejos juninos da
cidade. A dança é realizada em torno de um pilão, onde estão colocados o
enxofre, o salitre e o carvão, substâncias utilizadas no preparo da pólvora.
Homens e mulheres costumam participar, vestidos à moda caipira, cantando e
dançando ao som de ganzás, tambores, triângulos, reco-reco e porca.O ritual é
uma herança dos tempos da escravidão; os negros costumavam realizar as tarefas,
dançando, pisando forte no chão e tirando versos de improviso.
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